sexta-feira, 23 de maio de 2008

Moringa oleifera - Uma árvore de uso múliplo

ÁRVORE MORINGA



A água de rio quando coletada para uso doméstico pode estar cheia de impurezas, particularmente na estação chuvosa. A água carrega sedimentos, objetos sólidos, bactérias e outros microorganismos (alguns dos quais podem transmitir doenças). É muito importante que se remova o máximo possível deste material antes que as pessoas usem a água. Grandes centros de tratamento de água fazem isto adicionando-se coagulantes químicos na água. Isto faz com que as partículas se juntem umas às outras (coagulem) e afundem. A água limpa pode então ser retirada. As substâncias químicas corretas, no entanto, talvez não sejam facilmente encontrados ou sejam muito caras. A alternativa é usar um coagulante natural, normalmente feito de plantas. Em certas partes do mundo, isto tem sido feito há séculos em pequena escala.


O Environmental Engineering Group (Grupo de Engenharia Ambiental) da Universidade de Leicester, Reino Unido, tem estudado o uso potencial de coagulantes naturais em grande escala no tratamento de água. O trabalho deles incluiu testes com as propriedades naturais de coagulação da semente triturada da árvore Moringa oleifera. Esta árvore é nativa do norte da Índia e é agora cultivada amplamente ao longo dos trópicos. É às vezes conhecida como ‘baqueta‘por causa do formato da sua vagem e ‘rábano (rabanete) picante’ descrevendo o gosto de suas raízes. A moringa cresce rapidamente da semente ou enxertos, mesmo em solos pobres. Não necessita muito cuidado e pode sobreviver longos períodos de seca. Cresce rapidamente – até 4 metros de altura, flores e frutos foram produzidos dentro de um ano de plantio, durante testes próximos de Nsanje, no sul do Malawi. Em algumas áreas do sul da Índia, duas colheitas de vagens com sementes são possíveis em um mesmo ano. Assim como o quadro ao lado indica, a árvore tem muitos usos.



Tratamento de água para uso doméstico



Vagens com sementes devem ser deixadas para amadurecer na árvore e coletadas quando secas. As ‘asas’ leves e cascas das sementes são facilmente removidas, deixando apenas a parte branca da semente. Isto deve então ser triturado muito bem e socado com o uso de um pilão. A quantidade necessária de sementes para se tratar a água de rio depende de quanta impureza a água contém. Os utilizadores ficam familiarizados rapidamente com a quantidade de sementes que se deve usar para cada tipo de água, visto que a quantidade de sedimentos muda com cada estação.

Para tratar 20 litros de água (quantidade equivalente a um balde grande) são necessárias cerca de 2 gramas de sementes trituradas (duas colheres de chá razas de 5 ml ou duas tampinhas de refrigerante cheias). Adicione uma pequena quantidade de água limpa às sementes trituradas para formar uma pasta. Coloque a pasta dentro de uma garrafa vazia – uma garrafa de refrigerante é ideal. Adicione uma xícara (200 ml) de água limpa e agite por 5 minutos. Esta ação ativa as substâncias químicas nas sementes trituradas.


Filtre a solução com um pano branco de algodão colocando-a dentro de um balde de 20 litros com a água do rio. O conteúdo deve então ser misturado rapidamente por 2 minutos e depois misturado vagarosamente por 10–15 minutos. Durante este período de se estar misturando o conteúdo lentamente, as partículas das sementes da moringa se juntarão coagulam com as bactérias e formam partículas maiores, as quais decantam no fundo do balde e lá permanecem. Após uma hora, a água limpa pode ser retirada.

Este processo removerá 90–99.9% das bactérias que se juntam com as partículas sólidas, purificando a água. No entanto, alguns microorganismos prejudiciais que ainda permanecem na água podem não ser removidos, especialmente se a água estiver muito poluída. Para se conseguir que a água seja potável, mais purificação é recomendada – seja fervendo a água ou usando-se um filtro simples de areia. As sementes secas (remova as que estão sem cor) e o pó podem ser armazenados. No entanto, a pasta deve ser preparada no dia que vai ser usada.



Tratamento de água em grande escala



Nosso trabalho experimental foi realizado em Thyolo no sul do Malawi, onde um local de tratamento de água foi construído como um sistema modelo para o tratamento de água dos vilarejos. Não é necessária eletricidade para a operação. No Malawi em 1993, produtos químicos importados da África do Sul custaram à empresa de água mais de £400.000 em valiosa moeda estrangeira. Nossos testes com o uso das sementes da moringa deram resultados na purificação de água que foram tão bons como os resultados obtidos com substâncias químicas comerciais – com uma fração do custo. 50–150 mg de sementes inteiras são necessárias para um litro de água. Testes simples em um jarro determinarão quantas sementes serão necessárias.
Muitos países em desenvolvimento poderiam economizar muito dinheiro adotando estas idéias.



Produtos vegetais e óleo



A vagem da moringa é uma colheita comercial importante em toda a Índia. No sul, muitas variedades foram desenvolvidas com diferentes comprimentos de vagem e períodos de crescimento. As vagens são vendidas nos mercados locais. Vagens verdes não maduras são cortadas em seções e enlatadas em salmoura para exportação para a Europa e Estados Unidos.

Em outros lugares do mundo as árvores da moringa são apreciadas pelos camponeses pela qualidade de suas vagens e folhas. As folhas têm um alto conteúdo de proteína de 27% e são ricas em vitamina A e C, cálcio, ferro e fósforo. Uma vantagem é que as folhas da moringa podem ser colhidas durante a estação seca quando nenhum outro vegetal é encontrado à venda.

As sementes da moringa contém 40% de óleo em seu peso. Testes laboratoriais em Leicester confirmaram que o que resta das sementes após a extração do óleo contém ainda os coagulantes ativos. Estes podem ser usados para tratar a água da mesma maneira que foi descrita acima. O que resta das sementes pode ser secado e armazenado. Pode ser obtido sem nenhum custo como sub – produto da extração de óleo.

Este é um ponto importante. As sementes da moringa podem primeiro ser usadas para a extração de óleo, sem reduzir a eficácia do tratamento da água. O óleo da moringa é de alta qualidade e potencialmente tem um alto valor no mercado. O óleo é de igual valor, tanto para cozinha assim como ingrediente principal na produção de sabão. A demanda por óleo no Malawi é muito maior do que a produção atual dentro do país. Óleo de soja é portanto importado da América do Sul.

Uma visita foi feita a um vilarejo no sul do Malawi que tinha muitas árvores de moringa, carregadas com vagens. As árvores são muito valorizadas pelos produtos que produzem mas os moradores do vilarejo não haviam colhido as vagens por não poderem pagar pelo óleo vegetal importado que é necessário para cozinhá-las pois eles não perceberam que a moringa em si própria poderia fornecer o óleo.



Conclusões



O plantio da moringa por pequenos agricultores deve ser encorajado. Isto irá melhorar a saúde e o rendimento dos mesmos. Esta árvore valiosa fornecerá produtos vegetais e matérias primas para a extração de óleo. Tecnologia simples pode ser encontrada para se iniciar negócios de pequena escala na extração de óleo em zonas rurais. Testes estão sendo realizados pela ITDG de Zimbabue.

O grande potencial desta árvore e de seus vários produtos não foi reconhecido. No sul da Nigéria, a moringa é conhecida como idagba manoye – que é traduzido como ‘crescendo sem lógica’. Pode-se esperar que no futuro o bom senso prevaleça e que o real potencial desta árvore e de seus muitos produtos seja reconhecido.
Geoff Folkard e John Sutherland são membros do Grupo de Engenharia Ambiental da Universidade de Leicester. Eles gostariam de se corresponder com leitores sobre o cultivo das muitas variedades da moringa oleifera e com aqueles que tenham experiência na extração e uso do óleo da moringa. Eles podem ser contactados no…
Department of Engineering University of Leicester Leicester, LE1 7RH, Reino Unido.



Os usos da Moringa




VEGETAL

-Vagens verdes, folhas, flores e sementes que podem ser torradas.

ÓLEO

-As sementes contém 40% de óleo por peso.
-Usado para cozinhar, produzir sabão, como base para cosméticos e em lâmpadas.
COAGULANTE DE AGUA

-Tradicionalmente usado para ‘tratamento para uso doméstico’ no Sudão e Indonésia.
-Usado com sucesso no tratamento de água em grande escala no Malawi.
OUTROS USOS

-Todas as partes da planta podem ser usadas em uma variedade de remédios tradicionais.
-A semente em pó é usada em unguento no tratamento de infecções da pele causadas por bactérias comuns.
-A folhas e sementes podem ser usadas como alimento para o gado ou como fertilizante para o solo.
-Podem servir como cêrcas ou para quebrar a força do vento.
-A madeira é fonte de combustível. Os galhos principais podem ser podados para que outros galhos cresçam.
-Agro-silvicultura; para se intercalar com outras colheitas – a moringa é boa para se adicionar nitrogênio ao solo devido às vagens e folhas que produz.





sábado, 17 de maio de 2008

Compostagem

Aprendendo a fazer a compostagem


Muitas pessoas acreditam que um bom composto é difícil de ser feito ou exige um grande espaço para ser produzido; outras acreditam que é sujo e atrai animais indesejáveis. Se for bem feito, nada disto será verdadeiro. Um composto pode ser produzido com pouco esforço e custos mínimos, trazendo grandes benefícios para o solo e as plantas. Mesmo em um pequeno quintal ou varanda, é possível preparar o composto e, desta forma, reduzir a produção de resíduos inclusive nas cidades. Por exemplo, com restos das podas de parques e jardins se produz um excelente composto para ser utilizado em hortas, na produção de mudas, ou para ser comercializado como adubo para plantas ornamentais. Desta forma, são obtidos dois ganhos ao mesmo tempo: com a produção do composto propriamente dita e um benefício indireto que é a redução de gastos de transporte e destinação do lixo orgânico produzido pela comunidade local.






Outro engano muito comum é mandar para a lata do lixo partes dos alimentos que poderiam ir para o prato: folhas de muitas hortaliças (como as da cenoura e da beterraba), talos, cascas e sementes são ricas fontes de fibra e de vitaminas e minerais fundamentais para o bom funcionamento do organismo. O que comprova que a melhoria da saúde tanto de famílias ricas ou pobres pode ser conseguida como medidas simples como o reaproveitamento integral de alimentos, e o desenvolvimento de bons hábitos de vida e nutrição.







Todos os restos de alimentos, estercos animais, aparas de grama, folhas, galhos, restos de culturas agrícolas, enfim, todo o material de origem animal ou vegetal pode entrar na produção do composto.



Contudo, existem alguns materiais que não devem ser usados na compostagem, que são:

madeira tratada com pesticidas contra cupins ou envernizadas.
vidro, metal, óleo, tinta, couro, plástico e papel, que além de não serem facilmente degradados pelos microorganismos, podem ser transformados através da reciclagem industrial ou serem reaproveitados em peças de artesanato.

A fabricação do composto imita este processo natural, porém com resultado mais rápido e controlado. A seguir, serão descritos os materiais e as etapas para a elaboração das pilhas de composto numa propriedade rural.
Materiais para fazer o composto
-Esterco de animais.
-Qualquer tipo de plantas, pastos, ervas, cascas, folhas verdes e secas
Palhas
-Todas as sobras de cozinha que sejam de origem animal ou vegetal: sobras de comida, cascas de ovo, entre outros.
-Qualquer substância que seja parte de animais ou plantas: pêlos, lãs, couros, algas.
-Observação: Quanto mais variados e mais picados (fragmentados) os componentes usados, melhor será a qualidade do composto e mais rápido o término do processo de compostagem.
Modo de preparo das pilhas de composto


Escolha do local: deve-se considerar a facilidade de acesso, a disponibilidade de água para molhar as pilhas, o solo deve possuir boa drenagem. Também é desejável montar as pilhas em locais sombreados e protegidos de ventos intensos, para evitar ressecamento.
Iniciar a construção da pilha colocando uma camada de material vegetal seco de aproximadamente 15 a 20 centímetros, com folhas, palhadas, troncos ou galhos picados, para que absorva o excesso de água e permita a circulação de ar.
Terminada a primeira camada, deve-se regá-la com água, evitando encharcamento e, a cada camada montada, deve-se umedecê-la para uma distribuição mais uniforme da água por toda a pilha.
Na segunda camada, deve-se colocar restos de verduras, grama e esterco. Se o esterco for de boi, pode-se colocar 5 centímetros e, se for de galinha, mais concentrado em nitrogênio, um pouco menos.
Novamente, deposita-se uma camada de 15 a 20 cm com material vegetal seco, seguida por outra camada de esterco e assim sucessivamente até que a pilha atinja a altura aproximada de 1,5 metros. A pilha deve Ter a parte superior quase plana para evitar a perda de calor e umidade, tomando-se o cuidado para evitar a formação de "poços de acumulação" das águas das chuvas.
Vale lembrar que durante a compostagem existe toda uma sequência de microorganismos que decompõem a matéria orgânica, até surgir o produto final, o húmus maduro. Todo este processo acontece em etapas, nas quais fungos, bactérias, protozoários, minhocas, besouros, lacraias, formigas e aranhas decompõem as fibras vegetais e tornam os nutrientes presentes na matéria orgânica disponíveis para as plantas.

Agricultura Convencional

Agricultura Convencional





A Agricultura convencional praticada nos dias de hoje visa, acima de tudo, produção, deixando em segundo plano a preocupação com a conservação do Meio Ambiente e a qualidade nutricional dos alimentos.


Ao melhorar geneticamente uma planta para que ela produza mais, pode-se estar reduzindo sua resistência a pragas e doenças, pois sua energia é desviada da parte vegetativa para a reprodutiva. Substâncias indesejáveis, como alcalóides, que dão sabor amargo aos alimentos são eliminados. Além disso, as plantações ficam sem variabilidade genética. Assim, essas plantas tornam-se mais vulneráveis a pragas e doenças.


As plantas escolhidas para o melhoramento geralmente são as que melhor respondem à adubação mineral, tornando necessária a aplicação freqüente de fertilizantes solúveis, ocasionando desequilíbrio mineral no solo.


Um outro problema que geralmente ocorre com as plantas melhoradas, é que quando são híbridas, o agricultor não consegue reproduzi-las em sua propriedade e precisa sempre comprar as sementes da empresa que as produz.


O sistema de monocultura favorece o aparecimento de pragas, doenças e ervas invasoras, fazendo com que o agricultor tenha que utilizar agrotóxicos para conseguir produzir. Esse sistema também provoca rápida perda de fertilidade do solo, pois facilita a erosão, reduz a atividade biológica e esgota a reserva de alguns nutrientes.


Os insumos agrícolas utilizados são na sua maioria derivados direta ou indiretamente do petróleo, que resultam num alto custo energético para sua obtenção, ocasionando um balanço energético negativo, ou seja, a energia produzida pela cultura é menor que a energia gasta para sua produção.


Assim sendo, o agricultor está sempre dependendo das grandes empresas, seja para comprar sementes, fertilizantes, inseticidas, herbicidas, etc. e quem acaba por ficar com a maior parte (40% a 80%) do lucro são elas.


Na produção animal também ocorrem os mesmos problemas. Os animais são vistos como mini indústrias de produção de alimentos, não como seres vivos, e sofrem maus tratos pelos produtores. Ficam confinados em locais minúsculos, às vezes no escuro, alguns são alimentados à força, ou são mutilados.


Os animais também recebem hormônios para crescerem e engordarem mais rápido, produzirem mais leite, etc. e tomam antibióticos em grandes quantidades. Isso tudo afeta a qualidade dos alimentos obtidos, que podem conter resíduos dessas substâncias e prejudicar a saúde de quem os consome.

domingo, 11 de maio de 2008

amigos


OTIMISMO
Numa dinâmica de grupo para se trabalhar numa empresa multinacional foi feita a seguinte pergunta para três candidatos:
"-O QUÊ VOCÊ GOSTARIA QUE FALASSEM DE VOCÊ NO SEU VELÓRIO?"
O 1º candidato disse:
"-Que eu fui um grande médico e um ótimo pai de família."

O 2º candidato disse:
" - Que eu fui um homem maravilhoso, excelente pai de Família,e um professor de grande influência no futuro das crianças."

Aí o 3º arrasou:
"- Gostaria que eles dissessem: "OLHA, ELE ESTÁ SE MEXENDO..."
Isto é Otimismo -

Foi contratado...

sábado, 10 de maio de 2008

JOVEM APRENDIZ RURAL DE BATATAIS

JOVEM APRENDIZ RURAL DE BATATAIS

O município de Batatais vai contar a partir do dia 16 de abril com um programa voltado especialmente para o meio rural, visando a promoção de ações para a formação profissional de jovens agricultores aprendizes. A prefeitura, em parceria com o Sindicato Rural Patronal e Senar – Serviços Nacional de Aprendizagem Rural, inicia nessa data, às 13 horas, o Projeto “Jovem Aprendiz Rural” na antiga área da Febem.


A primeira turma, formada por 30 crianças e adolescentes na faixa etária de 14 a 17 anos incompletos, foi selecionada.


O “Jovem Aprendiz Rural” pretende valorizar as atividades inerentes ao meio rural, capacitando jovens para diversas situações que irão enfrentar no dia-a-dia do seu trabalho. Com enfoque no empresariado rural, como forma de enaltecer a profissão agrícola, o programa exerce o papel de estimular o jovem a compreender a importância da sua atividade e assumir com embasamento e dignidade as atribuições pertinentes ao seu meio.


Por se tratar de uma parceria, a prefeitura de Batatais, com o empenho do prefeito José Luis Romagnoli, disponibilizou o espaço e os materiais necessários para dar viabilidade ao projeto. O Sindicato Rural e o Senar oferecem pessoal capacitado e o material didático. “A implantação desse curso é mais um sonho que se torna realidade”, destacou o prefeito Zé Luis.


A Prefeitura de Batatais, Sindicato Rural Patronal e o Senar, Serviço de Aprendizagem Rural, estão desenvolvendo em área da antiga Febem o curso Jovem Aprendiz Rural. Depois de concluir com sucesso as atividades da primeira turma, as inscrições já estão abertas para o ano de 2008 e os interessados devem se dirigir a Travessa Intendente Vigilato, 222, centro, o quanto antes.
Segundo lembrou o coordenador do Senar no município, Júlio Eduardo Marques Pereira, o programa é voltado especificamente para o meio rural, visando a promoção de ações para a formação profissional de jovens agricultores aprendizes. “Como foi divulgado anteriormente o projeto é direcionado a jovens na faixa etária de 14 a 17 anos incompletos”, destacou.
O Jovem Aprendiz Rural valoriza as atividades inerentes ao meio rural, capacitando jovens para diversas situações que irão enfrentar no dia-a-dia do seu trabalho. Com enfoque no empresariado rural, como forma de enaltecer a profissão agrícola, o programa exerce o papel de estimular o jovem a compreender a importância da sua atividade e assumir com embasamento e dignidade as atribuições pertinentes ao seu meio.
Jovens Aprendizes prestaram homenagem ao prefeito Zé Luis.
Na tarde desta quinta-feira, 6 de novembro, 30 jovens que concluíram o curso Jovem Aprendiz Rural estiveram na prefeitura agradecendo e prestando uma homenagem ao prefeito Zé Luis. Eles entregaram para o chefe do executivo uma caixa contendo verduras, legumes e ovos frutos do trabalho que eles desenvolveram. “Estou emocionado com a homenagem e principalmente com o resultado do trabalho realizado em parceria com o Sindicato Rural e o Sennar. Quero agradecer ao coordenador Julio Eduardo Marques Pereira, aos instrutores e a todos que contribuíram para o sucesso do primeiro ano do curso”, destacou Zé Luis.
Os jovens aprendizes também entregaram para o prefeito um cartão com os dizeres: O grupo Jovem Aprendiz Rural de Batatais agradece por tudo que foi feito por nós; desde o espaço cedido, até a confiança depositada em cada um, que foi retribuída com muita força de vontade de todos. Muito obrigado por ter contribuído na nossa vida profissional. Abraços. Os alunos que assinaram foram: Luis Antonio Trentin, Everton Luis Costa, Maycon Rodrigo Pereira Ramos, Allan da Silva Ferreira, André Ap. da Silva, Gian Carlo Ferreira, Danilo Willian da Silva, Daniel Fernando Gianoni, Ricardo Ferreira da Silva Filho, Iago Henrique Mendonça, Alexandre Gabriel Riul, Danilo Passaglia, Bruno Fernando, Letícia Paula da Silva, Luan César de Assis Radaelli, Maico Marciano, Eduardo Prometi de Souza, Guilherme de Oliveira Menegueti, Jéssica Querici, Paula Barcelos e pelos instrutores Roseli Caramori e João Lombardi.


AGRICULTURA SUSTENTÁVEL

AGRICULTURA SUSTENTÁVEL E COMPETITIVA




O produtor agrário desempenha atividades diretamente associadas com a natureza.
De acordo com Creason e Runge (1994), ele necessita dispor de conhecimentos sobre tipos
de solos, topografia, clima e uso de variedades de sementes e de híbridos. Deve considerar
as opções de cultivo e o uso de fertilizantes químicos e pesticidas, bem como seus impactos
nos diversos tipos de solo. Deve, ainda, esforçar-se por conservar os ativos de seu negócio,
incluindo aí os solos e as reservas de água, com vistas ao seu uso futuro. O produtor agrário
confronta-se diretamente com vários elementos do meio ambiente.


Os produtores agrários, como homens de negócio, tomam decisões com base em
informações recebidas de diversos mercados e de outras fontes. Parte dessas informações
inclui os preços dos insumos, preços dos produtos da lavoura e da pecuária, taxas de juros,
políticas para o setor agropecuário e políticas de meio ambiente dos governos federal,
estadual e municipal. Eles devem considerar ainda a variedade de forças que sinalizam o
que plantar e como faze-lo. Aí estão incluídas as condições dos solos e das águas, os tipos
de demanda dos compradores (agroindústrias, super-mercados, feirantes), as
recomendações dos técnicos públicos e privados e, quando existem, levar em conta as
relações com centros de pesquisa e universidades. Pela variedade e quantidade de
informações, depreende-se que nem sempre os sinais são consistentes, mas muitas vezes
contraditórios, o que revela a complexidade de escolhas para a tomada de decisão.


Numa situação dessas, como o agricultor poderá compatibilizar a competitividade
econômica com a sustentabilidade ambiental ? Em outras palavras, como ele poderá
manejar uma agricultura sustentável que seja também competitiva nos mercados?


De um lado, o produtor está envolvido no processo de abertura da economia
nacional para o exterior, sendo que os preços, as quantidades e a qualidade e os
requerimentos de distribuição exigidos internacionalmente lhe são dados como parâmetros.
Relativamente às décadas anteriores, as políticas públicas tornaram-se mais frágeis, quando
não desapareceram, no que se refere à ajuda financeira, à assistência técnica e à estocagem,
exigindo-lhe um maior espírito empresarial. A abertura da economia não só lhe acena com
as exportações, mas também com importações, e ainda com a competição de outras regiões
do próprio país. Ora, tudo isso o obriga a considerar um número bem maior de variáveis na
tomada de decisão.


De outro lado, o produtor se acha envolvido com os efeitos nocivos crescentes do
modo agrícola de produzir: o uso de pesticidas e fertilizantes químicos, a erosão dos solos e
a contaminação das águas; as exigências dos consumidores - como opinião pública e como
midia - preocupados com a saúde, portanto, com a qualidade dos alimentos. Tudo isso o
obriga a levar em conta os impactos de sua atividade no meio ambiente.


É evidente que não há uma resposta simples à questão de como compatibilizar uma
agricultura sustentável e com uma agricultura competitiva. O que vale a pena ressaltar, de
momento, é que uma resposta realista e atual tem que “percorrer” a sociedade toda: um
circuito de fluxos que conforma um sistema amplo, que relaciona as decisões individuais
dos agricultores com as dos outros grupos da sociedade, suas organizações e instituições.


Inúmeras forças interagem, influenciando as decisões no âmbito das unidades
produtivas agrárias. Essas decisões geram fluxos de produtos (leite, carne, grãos, madeira) e
de matérias-primas; geram também fluxos externos aos sítios e fazendas, positivos ou
danosos, que recaem sobre o meio ambiente - as externalidades. A quantidade e a qualidade
de alimentos e de outros produtos das atividades agrárias, juntamente com os “serviços”
prestados pelas florestas, como a água limpa e o ar puro, fluem para a sociedade como um
todo, afetando a opinião que as pessoas tem sobre as atividades agrárias; o que, por sua vez,
afeta os sinais recebidos pelas instituições e organizações associadas à agricultura.



AS EXTERNALIDADES E AS ESFERAS PÚBLICA E PRIVADA



O tratamento dado aos efeitos do funcionamento do mercado sobre nossa vida,
recebe em economia a designação de externalidades. Heilbroner (1994) exemplifica: as
altas contas de lavanderia e de serviços de saúde dos residentes de Pittsburgh antes que a
poluição das usinas siderúrgicas fosse controlada. Esses custos são “externos” na medida
em que, diferentemente dos custos “internos” do trabalho e da matéria-prima, pagos pelas
siderúrgicas, os custos da poluição são “pagos” pela população externa ao processo de
produção. Dessa forma, os produtores de aço não têm incentivo para reduzir a poluição, já
que não pagam as contas de lavanderia e de serviços de saúde por eles provocados.


O mecanismo de mercado, prossegue Heilbroner, não serve adequadamente a um
dos propósitos a que se propõe, qual seja, o de apresentar à sociedade uma avaliação
acurada dos custos relativos de produzir coisas. Suponhamos que existam duas maneiras de
produzir aço, uma delas limpa, mas cara, e a outra, poluidora, mas barata. A concorrência
levará os produtores a escolher a mais barata e alguém dirá que o mercado ajudou a
sociedade a aumentar a eficiência de suas operações. No entanto, se as contas de lavanderia
e de serviços de saúde fossem acrescentados ao custo de produção, pode ser que o processo
mais limpo fosse o mais barato.


Em princípio, não existe nenhum ato de produção que não tenha efeitos externos,
positivos ou negativos. A construção de uma casa horrenda faz cair o valor das
propriedades da rua; um país passa por um forte crescimento econômico e com isso acelera
o aquecimento global; já uma empresa que aperfeiçoa um produto e abre novos horizontes
para aqueles que o utilizam é, em grande parte, uma questão de externalidades favoráveis.
Levar em conta todos os custos e benefícios externos da produção, diz nosso autor, seria
impossível. No entanto, não faze-lo pode significar uma distorção séria de nossa avaliação
dos custos e benefícios da produção. O desmatamento excessivo, a pesca predatória, o
consumo excessivo de gasolina, são exemplos de insucessos em incluir nos preços todos os
custos de produção. O mesmo se pode afirmar dos efeitos da sujeição dos trabalhadores a
rotinas embrutecedoras e a remunerações aviltantes: o custo social de tais externalidades
não é levado em conta.


Dessa forma, as externalidades solapam uma das mais queridas funções do mercado:
orientar os recursos para usos mais racionais. O que não quer dizer que o mercado seja
refratário a qualquer tipo de regulação. O governo proíbe pesticidas que são lucrativos para
a indústria, porque nocivos quando utilizados na agricultura, podendo, até mesmo, lançar
mão de impostos e subsídios para reduzir os efeitos externos negativos, mudando, assim, a
direção em que apontava a seta econômica. Há diversas maneiras de regular e de
institucionalizar as forças de mercado. Suécia e Japão têm maneiras distintas da dos EEUU.
E mais ainda, considerações acerca de tecnologia, da situação política das indústrias
afetadas e da sensibilidade nacional, são fatores que desempenham um papel na
determinação do grau em que somos vítimas da dinâmica do mercado, bem como
beneficiários dela.


Desse ponto de vista, diz Heilbroner, as externalidades transformam-se num
território no qual se trava a guerra de fronteiras entre a esfera privada e a esfera pública.
Na medida em que a produção é, em grande parte, embora não inteiramente, realizada na
esfera privada, é aí que as externalidades tendem a se gerar; e na medida em que seus custos
se apresentam como custos impostos sobre os cidadãos, sua correção torna-se uma causa de
ação na esfera pública.


Dessas ponderações, creio que vale a pena reter duas idéias. Primeira: o circuito
social das decisões individuais dos agricultores os obriga a compatibilizar agricultura
sustentável com agricultura de mercado, e que essa compatibilização passa pela guerra de
fronteiras entre as esferas privada e pública. Essas fronteiras não estão delimitadas; antes,
algo borradas, o que, na prática, favorece as decisões privadas em detrimento da
sustentabilidade, que requer a participação da esfera pública. Por outro lado, não se pode
menosprezar a existência de numerosas organizações sociais que exigem a aplicação da
condição de sustentabilidade.


No comércio mundial agrícola surgem, aqui e acolá, indícios de condicionalidades
ecológicas e de equidade para a aquisição de alguns produtos. Mas, tudo leva a crer,
estamos ainda num estágio larval, do qual as instituições são um exemplo: não se conta
com um conjunto de estruturas e regras, formais e informais, capaz de proporcionar alguma
estabilidade às expectativas dos indivíduos, grupos e organizações sociais em suas
interações nos mercados, que leve em conta a sustentabilidade.


A segunda idéia é a de que a guerra de fronteiras tem seu núcleo nas externalidades.
O que pode nos levar a uma resposta apressada à pergunta: quem deveria arcar com os
custos dos efeitos negativos das externalidades ? O setor público ou o setor privado? Ora,
os custos do aquecimento global, os custos da poluição das águas e dos solos e dos
alimentos, os custos da erosão dos solos, e outros mais são, a um só tempo, custos privados
e públicos e, portanto, sua resolução é, à luz do princípio da sustentabilidade, uma questão
de resolução conjunta. Tanto a internalização dos efeitos ambientais na estrutura dos custos
de produção quanto a internalização dos custos sociais requer uma “paz de fronteiras”
mediante a criação de uma nova concepção do que venha a ser a esfera pública. Que não
existe, mas está em efervescência no caldeirão da história.




O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

A sustentabilidade é um problema multidimensional. A Unesco (1995) define
desenvolvimento sustentável como aquele que permite responder às necessidades presentes
sem comprometer a capacidade das futuras gerações em responder às suas próprias
necessidades. A amplitude da definição requer algumas qualificações.


Desenvolvimento sustentável significa ir mais além da manutenção e a ampliação
do capital econômico (máquinas, matérias-primas, finanças). Significa levar em conta
também o capital humano: os conhecimentos técnicos e gerenciais e sua disseminação
através da educação. Mas significa também levar em conta o capital natural. Por
conseguinte, desenvolvimento sustentável implica em pensar no uso, obsolescência,
depreciação dos três tipos de capital. No caso do capital natural, implica em perguntar
como evitar a poluição da água, da terra e do ar em que vivemos e dos quais depende nosso
trabalho? como evitar a exaustão dos recursos renováveis que são essenciais à produção?
como tratar os recursos não renováveis? São questões que ultrapassam em muito a escala da
economia, e nos obriga a repensar a contabilidade micro e macroeconômica
(Hauwermeinenn, 1998).


A Unesco arrolou uma série de características do desenvolvimento sustentável que,
de fato, quer dizer: devemos construir uma outra sociedade, ou, em outros termos, devemos
construir uma sociedade inovadora. Curiosamente, vários autores da Comissão Econômica
para a América Latina (Cepal) e da Organização de Cooperação e Desenvolvimento
Econômico (Ocde), que se dedicaram a estudar a competitividade, chegaram a conclusões
semelhantes. Para essas entidades, a competitividade está centralizada no sistema
sociocultural e não apenas no sistema econômico.


Esse novo enfoque pode ser resumido em dois pontos: “(i) os novos imperativos
tecnológicos, organizacionais, institucionais, legais, políticos e culturais se impõem como
elementos que prescrevem o pensamento e a ação contemporâneos, e que tornam possível
desenhar as configurações futuras dos sistemas socioculturais, e (ii) a competitividade
ganha força nas relações que estabelece com outros conceitos (ecologia e equidade) e com
outros valores sociais (democracia, direitos humanos e participação social)” (Müller, 1995).
A aplicação desse enfoque implica na mudança de mentalidades e comportamentos de todos
os grupos sociais.

A sobreposição de aspectos que caracterizam a competitividade e a sustentabilidade
não é casual, assim como não o é a sobreposição com os aspectos da equidade. Por outro
lado, não é casual a indefinição de limites entre o privado e o público, que assinalamos
acima, mas, sim, um sinal dos tempos. Tudo isso parece indicar a existência de uma enorme
área conflitiva, complexa e pouco clara, na qual misturam-se os interesses ecológicos,
econômicos e de justiça social. Em todo ocaso, é nessa mistura que se acha imersa a
categoria de agricultura sustentável. Mas, mistura não implica em uns interesses serem
redutíveis em outros, de maneira que a sustentabilidade não pode ser reduzida a uma visão
econômica dos processos de mudança, nem a uma visão ecológica e tampouco a uma visão
de equidade.


Em síntese, pode-se dizer, com base em Daly (1996), que o desenvolvimento
sustentável possui uma lógica econômica (mercados, regulações e competitividade), uma
lógica de equidade (moral, justiça e solidariedade) e uma lógica de sustentatabilidade
(ecossistemas, biosfera). Essas lógicas – forças sociais que imprimem uma direção à vida
coletiva - não são redutíveis umas às outras e que, para sua operação na prática, requerem
negociações de ordem política, vale dizer, negociações sobre como podemos viver juntos
nessa diversidade de interesses, visões do presente e aspirações em relação ao futuro.


A sustentabilidade ambiental implica numa institucionalização e numa adoção de
um código de práticas, acompanhado de uma legislação no nível nacional ou regional, com
vistas a controlar a coleção, manuseio e exportação de material biológico, com a supervisão
de organizações de profissionais habilitados. Os governos e as associações não
governamentais devem trabalhar em conjunto para criar ferramentas que incluam o
conhecimento local para desenvolver atividades baseadas na liderança local. A
participação, a localidade, a região, a pesquisa científica com os conhecimentos do
pessoal da região, são ingredientes fundamentais para uma estratégia sustentável, propõe
a Unesco. Neste sentido, o emprego do modelo de análise tradicional de custo-e-benefício
mostra-se muito limitado. Já se dispõe de modelos de contabilidade que incluem as
variáveis ecológicas, o que já é um avanço.




AGRICULTURA SUSTENTÁVEL E COMPETITIVA, INSTITUIÇÕES E PLANO



O crescimento sustentado da agricultura depende da preservação dos recursos
naturais e do meio ambiente, e do aumento contínuo e eficiente da produção ou, em outros
termos, depende de uma rede de relações organizações/instituições que conecte
sustentabilidade com produtividade. A preocupação básica com o aumento contínuo e
eficiente da produção está associada com a preocupação em evitar a destruição dos recursos
naturais e a deteriorização do meio ambiente. A sustentabilidade mostra-se, assim, como
um princípio cuja realização implica na ação coletiva e na organização de conjuntos
estabilizadores de expectativas, as instituições, o que pressupõe algum tipo de diretriz, de
plano ou planejamento.


O pressuposto não pode ser menosprezado. Todo o processo coletivo inovador
vincula-se a um plano. Não há nisso novidade alguma. No que respeita ao desenvolvimento
agrícola, a aplicação do plano revolução verde dos anos 50 e 60 estava associada á meta de
mudança rural ou, como era então designado pelos técnicos, de “desenvolvimento rural
integrado”. Tratava-se, segundo a literatura norte-americana disseminada à época, de um
intento deliberado, não só de incrementar a produção agrícola em uma zona rural, mas
também de melhorar a comercialização de insumos e produtos e a qualidade da vida rural
(World Banck-Iica, 1994).


Mas a idéia de um plano acabado, pronto, contém uma pretensão que não passa de
simplismo anacrônico, porque não considera a complexidade contemporânea que requer
soluções complexas, portanto, soluções não completas. Vale a observação de Matus (1991):
“nenhuma técnica de planificação é segura diante da incerteza do mundo real e, enfim,
devemos nos apoiar em nossa capacidade para acompanhar a realidade e corrigir a tempo
nossos planos. Por isso, muito mais importante que formular um plano é “a capacidade
contínua de planificação para refazer os cálculos a tempo e toda vez que as circunstâncias
o exigirem”.


Um plano que visa por em prática o princípio da sustentabilidade, através de uma
ação coletiva e institucional, envolve a esfera pública (estatal e não-estatal), bem como a
esfera privada da sociedade, direta e indiretamente relacionadas com o objetivo. A
formulação de um plano e sua implementação, face à incerteza do mundo real, requer a
participação ativa dos sujeitos, lideranças e organizações. Essa participação é condição
imperativa à consecução dos objetivos. Participação direta ou via representação;
participação informal ou via contrato formal; participação na unidade produtiva agrária ou
no âmbito organizacional - participação no sentido de direitos e deveres, de aceitação de
regras e normas, e também de engajamento numa coisa na qual o indivíduo joga com seu
ativo agrário imerso numa nova esfera pública, não pronta, mas a ser construída. Essa
construção ocorre em circunstâncias de incerteza, mas nas quais os indivíduos, como
núcleos de tomada de decisão, e as instituições, como núcleos de estabilização de
expectativas, imprimem sua certeza.


A territorialização de um plano de agricultura sustentável ou a inclusão desta num
plano de desenvolvimento regional está associada, de um lado, à exigência do indivíduo e
das instituições exercerem um comando, um controle que, nas atuais circunstâncias, seja o
mais eficiente possível, dadas as interações entre ecologia, competitividade e equidade e, de
outro, ao reconhecimento de que o indivíduo faz e a instituição estabiliza. É nesse sentido
que a territorialização seria a realização da descentralização na globalização.


Uma região ou um sistema regional (microbacia, consórcio inter-municipal) deverá
ser capaz de encaminhar tanto as externalidades produzidas pelas unidades de produção
agrária como os custos sociais próprios do funcionamento de uma agricultura sustentável.
Pode-se, agora, retomar a noção de sustentabilidade e dar-lhe uma formulação mais
sistemática, como a formulada por Becker (1995): a essência da noção de sustentabilidade
reside na sinergia e na qualidade total do uso do território, alcançado segundo três
princípios básicos: a eficácia econômica mediante o uso de informação e tecnologia em
atividades e produtos poupadores de matérias-primas e energia, e sua reutilização; a
valorização da diversidade, visando as vantagens competitivas; a descentralização,
entendida como discussão entre os atores envolvidos no processo para o estabelecimento de
direitos e deveres.










Instalações e Fases de Criação das Aves

Agricultura Familiar


Instalações recomendadas para o sistema alternativo de criação de galinhas caipiras.









O sistema alternativo de criação de galinhas caipiras preconiza a construção de instalações simples e funcionais, a partir dos recursos naturais disponíveis nas propriedades dos agricultores, tais como madeira redonda, estacas, palha de babaçu, etc. (Figura 10). O principal objetivo dessa instalação é oferecer um ambiente higiênico e protegido, que não permita a entrada de predadores e que ajude a amenizar os impactos de variações extremas de temperatura e umidade, além de assegurar o acesso das aves ao alimento e à água.




Tais instalações consistem em um galinheiro com área útil de 32,0 m2 e divisões internas destinadas a cada fase de criação das aves: reprodução (postura e incubação), cria, recria e terminação (Figura 11). A área do galinheiro deve ser dimensionada de modo a proporcionar boa ventilação, luminosidade, drenagem, facilidade de acesso e disponibilidade de água. O piso deve ser revestido com uma camada de palha (cama) de 5 a 8 cm de espessura, distribuída de forma homogênea, podendo-se utilizar vários materiais como maravalha ou serragem, palha, sabugo de milho triturado ou casca de cereais (arroz). A remoção e substituição da cama, bem como, a desinfecção do aviário com cal virgem devem ser periódicas.










Planta baixa das instalações para o sistema alternativo de criação de galinhas caipiras.


Com exceção da área destinada à incubação e cria, as demais divisões internas devem permitir o acesso a piquetes de pastejo, com dimensões variáveis, capazes de atender às necessidades das aves e de abrigar todo o plantel de cada fase de criação (Figura 12). Os piquetes devem ser cercados de material semelhante ao utilizado no galinheiro e que seja capaz de evitar a entrada de predadores.



Esquema da disposição das áreas de pastejo do sistema alternativo de criação de galinhas caipiras.




A fase de reprodução se caracteriza por apresentar uma relação macho/fêmea de 1:12, cujas aves devem possuir idade entre 6 e 24 meses. O peso vivo estabelecido para os machos deve ser de 2,0 a 3,5 kg, enquanto que, para as fêmeas, de 1,6 a 2,5 kg. A substituição dos reprodutores deve ser semestral, tendo em vista que, também, a cada semestre, ocorrerá a reposição das matrizes, que são oriundas do mesmo plantel e, portanto, filhas do reprodutor em serviço.




Nessa fase de criação, a instalação deve ter subdivisões destinadas à postura e à incubação. Esse artifício permite um maior controle sobre a postura, evita perdas com a quebra de ovos, proporcionando-lhes maior higiene e manutenção de sua viabilidade.




Na subdivisão de postura, as aves permanecem em regime semi-aberto, na qual a área coberta é de 3,75 m2, equipada com 2 a 4 ninhos de 0,35 m x 0,35 m, 1 bebedouro de pressão e 1 comedouro em forma de calha. O enchimento dos ninhos deve ser feito com o mesmo material utilizado na cama do aviário. A área de pastejo destinada a essa fase é de 40,0 m2, onde as aves complementam sua alimentação. A fase de postura dura aproximadamente 15 dias, ao longo da qual o número de ovos por matriz varia de 10 a 14. Por sua vez, na subdivisão de incubação, as aves que estiverem incubando seus ovos (chocando) permanecem em regime fechado, em uma área de 2,25 m2, equipada com 3 a 4 ninhos de 0,35m X 0,35 m (Figura 13), 1 bebedouro de pressão e 1 comedouro em forma de calha. O período de incubação dura 21 dias, após o qual, as matrizes devem retornar imediatamente para a divisão de postura onde, após 11 dias de descanso, iniciarão um novo ciclo de postura.
Área destinada à postura, no sistema alternativo de criação de galinhas caipiras.



No sistema de incubação natural, em que a própria galinha é quem choca os ovos, um ciclo reprodutivo dura 47 dias. O número de ovos a ser chocado por cada matriz pode variar de 12 a 15, de acordo com o tamanho da mesma. Entretanto, é possível se utilizar chocadeiras elétricas as quais, embora representem um custo adicional ao sistema de produção, podem ser adquiridas de forma coletiva. Seu maior benefício, porém, consiste na redução do ciclo reprodutivo das matrizes para 26 dias, visto que, após a fase de postura, as mesmas entram diretamente no período de descanso.Tal fato resulta em um aumento do número de ciclos anuais por matriz, passando de 7 para 13.


Na fase de cria, os pintos permanecem desde o seu nascimento até os 30 dias de idade, em uma área coberta de 2,25 m2, equipada com 1 comedouro tipo bandeja e 1 bebedouro de pressão. Essa divisão dá acesso a um solário de 2,0 m2. Torna-se imprescindível nesta fase a proteção térmica dos pintos, além do fornecimento de água e alimento. Nesta fase, também, se dá início aos procedimentos para imunização do plantel.


A fase de recria inicia-se na quarta semana (aos 31 dias de idade dos pintos) e se estende até os 60 dias de idade, com os pintos permanecendo em regime semi-aberto, em uma área coberta de 3,75 m2, equipada com 2 bebedouros de pressão e 2 comedouros em forma de calha. Nessa fase, embora a fonte principal de alimento seja a ração devidamente balanceada, a alimentação das aves pode ser complementada mediante uso de um piquete de pastejo com dimensão de 20,0 m2. O reforço na imunização do plantel torna-se muito importante.


A fase de terminação inicia-se aos 61 dias e estende-se até os 120 dias de idade, quando as aves apresentam peso vivo de aproximadamente 1,8 kg, estando prontas para o abate. A área coberta destinada a essa fase é de 20,0 m2, equipada com poleiros, 4 bebedouros de pressão e 4 comedouros em forma de calha (Figura 14). Nesta fase, as aves têm acesso a um piquete de pastejo de 1.800,0 m2, o qual pode conter gramíneas como a Brachiaria humidicola, além de fruteiras como goiabeira, cajueiro e mangueira, que servirão como uma importante fonte de alimento, em complementação à ração fornecida.

Divisão da área de terminação no sistema alternativo de criação de galinhas caipiras.

OLERICULTURA

Produção de sementes:







O aspargo é multiplicado por meio de suas sementes e, para que haja produção delas, é necessário que existam plantas femininas e masculinas sendo estas as polinizadoras.



A colheita dos frutos maduros, no Estado São Paulo, é feita desde princípios de dezembro até fins de maio, especialmente de dezembro a março. A quantidade de sementes produzida por planta é variável de acordo com clima, idade da planta, variedade, sol adubação e tratos culturais.



Os frutos de aspargo devem ser colhidos bem maduros, quando apresentam coloração vermelho-escuro. As sementes, geralmente três a quatro por fruto, são facilmente retiradas, espremendo-se levemente em uma peneira. Em seguida, devem ser lavadas em água corrente e seca à sombra.



Elas são pretas e sua secção transversal é triangular. Em condições de ambiente fresco e ventilado, o poder germinativo de semente recém-colhida, viável, é conservado acima de 95% nos primeiros meses após a colheita. Um ano mais tarde, decresce para cerca de 85%. Nas sementes com dois anos de idade, a germinação atinge de 60 a 70% e, com três anos, o poder germinativo, geralmente, é menor do que 40%. O poder germinativo foi determinado em germinador à temperatura ambiente.



Para renovar a cultura, deve-se adquirir sementes de boa procedência e selecionar as plantas que irão produzir sementes para uso no futuro, desde o canteiro de semeadura. Para isso, deve-se marcar, no canteiro, as plantas com ramos mais altos, pois há estreita relação entre esse maior desenvolvimento e a boa formação, bem fechada, da ponta do turião. Quando a planta estiver com três a cinco anos, deve ser julgada pelo desenvolvimento da “coroa”, ou seja, a área em que se formam as hastes. A planta com maior coroa é a que produz turriões em maior número. Outra indicação da melhor planta é obtida pelo número e pelo tamanho das hastes. Escolhem-se aquelas que apresentam maior número e maiores hastes. Prefiram ainda, aquelas cuja haste seja lisa, com a secção transversal o mais próximo possível da circular.



Além desses fatores, cumpre ao lavrador não esquecer que, para produzir suas próprias sementes melhoradas, deve escolher plantas com aspecto saudável.






Semeadura:





O terreno para a sementeira deve ser cavado até 0,30 m de profundidade. Construir depois canteiros com cerca de 0,10m de altura e 1,20m de largura. Espalhar sobre eles, por metro quadrado, 30 quilos de esterco curtido de curral ou composto, mais 1kg de adubo químico 10-10-10. Misturar esses adubos ao solo destorroado até ficar pulverizado.



A semeadura de aspargo é feita de setembro a novembro, a grande espaçamento, ou seja, em sulcos espaçados de 0,60 m, e no sentido da largura do canteiro. Nesses sulcos, são colocadas as sementes, separadas de 4 a 5cm, se possuem poder germinativo acima de 80%; e à profundidade de 3 a 4cm, conforme a terra mais ou menos consistente. Assim cada metro quadrado de canteiro comporta quase um grama de semente, que produzirá cerca de 20 mudas boas. Para um hectare, (10.000m2) com capacidade de 12.500 plantas, serão necessárias 625 gramas de sementes e, portanto, 625 m2 de canteiro.



É difícil desbastar o aspargo, bem como separar as mudas sem feri-las, quando as plantas estão muito próximas. Por isso é preciso conhecer previamente o poder germinativo das sementes, pois as plantas têm seu crescimento prejudicado quando ficam muito juntas no canteiro, além de dificultar o arrancamento e a separação das mudas.As sementes devem proceder de empresas idôneas ou, então ser colhidas pelo próprio lavrador, como explicado no capítulo referente à colheita de sementes.



A germinação do aspargo é demorada, variando conforme a temperatura seja mais ou menos elevada. A 10ºC leva 53 dias para germinar, e a 25ºC, 10 dias. A germinação é boa entre as temperaturas de 15 a 30ºC; não germina de 5ºC abaixo, nem acima de 40ºC.



Logo após a semeadura, irrigar o canteiro e fazer uma pulverização com inseticida no solo. Cobrir, então, a terra, com capim seco e sem sementes, formando uma camada de três centímetros de altura. Quando não chover, regar de manhã e à tarde, até o início da germinação, espaçando-se, daí em diante, as regas que serão feitas à medida das necessidades. Ao começar a germinação, retirar todo o capim e fazer nova pulverização. Este inseticida, de utilidade para combater as pragas comuns nas sementeiras, é venenoso ao homem, devendo ser usado com precauções.



Cerca de 30 dias depois da germinação, faz-se o desbaste, deixando-se, de preferência, as plantas mais vigorosas, distanciadas uma das outras 7 a 8cm.



Rega-se e limpa-se capinado sem ferir as raízes, sempre que necessário.



Fazer irrigações a intervalos variáveis de acordo com o solo e as condições atmosféricas, lembrando que é preciso manter com bom grau de umidade a camada superficial do solo até a germinação e durante o período inicial do crescimento.



Nos Estados Unidos, recomendam o uso de herbicidas do pré-emergência, isto é, pulverizados sobre o mato alguns dias antes da germinação do aspargo. Óleos leves ou “standart solvent”, entre outros, são usados como herbicidas. O Varsol, da Standart Oil, solvente de uso caseiro, pode ser empregado em pulverizações sobre o mato até quatro a cinco dias antes do nascimento do aspargo e na quantidade de 40 a 80 cm3/m2.



A aproximação do inverno, quando as plantas começam a amarelar, cortam-se os talos à altura de cinco centímetros do solo, queimam-se esses restos e deixa-se, sem mais cuidados, que as plantas fiquem em repouso.






Plantio:












O plantio de um adubo verde em outubro-novembro do ano precedente ao da plantação do aspargo, contribui para diminuir o mato e melhorar o solo em matéria orgânica e na sua constituição física e biológica. Entre as leguminosas-adubos verdes, recomendam-se Mucuna preta, Crotalária paulina, Crotalária juncea e feijão de porco, que serão enterrados quando florescerem, ainda tenros. Antes de marcar o terreno para a abertura das valetas de plantação efetuam-se duas a três arações espaçadas 15 a 20 dias, gradeando-se após cada aração.



Quando a irrigação é feita por infiltração, há necessidade de marcar as linhas de plantio, com leve declive, variando de 0,15 a 0,30%. O maior declive será usado em solos mais soltos, e o menor, naqueles mais firmes



O espaçamento entre as valetas de plantação depende do tipo de turião que se vai colher, isto é, branco ou verde. Se for branco, o mais comum em nosso meio, a distância entre as valetas deve ser suficiente para que haja terra necessária para formar as leiras, sem ser preciso cavar fundo entre eles, o que ocasiona o corte e ferimento das raízes, Os melhores espaçamentos estão entre 1,90 e 2,10m.



Quando só turriões verdes são colhidos, a distância pode ser reduzida para a metade, pois não se faz leiras, observando que não existem dados que indiquem o melhor espaçamento entre valetas.



O espaçamento entre as plantas na valeta deve ser de 0,40 m; a profundidade da valeta de plantação, de 0,30 a 0,40 m; e a largura de 0,40 m; maior profundidade, em terra mais solta. Nunca plantar no subsolo.



Para a abertura da valeta, um sulco prévio feito com sulcador facilitará bastante essa operação. Ao completar manualmente a abertura da valeta, colocar terra do solo de um lado da valeta e a do subsolo do outro. Utilizar a terra do solo para misturá-la aos adubos e para a cobertura das mudas após a plantação.



Como o aspargo é planta pouco tolerante à acidez do solo e os nossos solos são geralmente ácidos, deve ser feita sua análise química, determinando-se o pH, a fim de se calcular a quantidade necessária de calcário a ser incorporado ao solo.







CRIAÇÃO DE CODORNAS

Criação de codorna



A codorna existe desde a antiguidade na Europa como ave migratória - de plumagem cinza-bege e pequenas listas brancas e pretas - foi levada primeiramente para a Ásia - China, Coréia e, depois, para o Japão. A codorna, hoje criada em cativeiro, é o resultado de vários cruzamentos efetuados, no Japão e na China, a partir da sub-espécie selvagem Coturnix coturnix, de origem européia. Já no ano de 1300 d.c. a codorna foi domesticada pelos japoneses em função do canto melodioso dos machos. Na primeira década do Século XX os japoneses conseguiram, após inúmeras tentativas, promover sua criação de forma racional, em pequenas gaiolas, com produção em série, com vistas à exploração comercial. Graças à sua alta fertilidade, abundante postura de ovos e exigência de pouco espaço para seu confinamento, mais a facilidade de transporte, a codorna tornou-se uma das principais fontes de alimentação para os vietnamitas durante a guerra contra os Estados Unidos. No Brasil, as codornas foram trazidas por imigrantes italianos e japoneses na década de 50. A partir daí sua produção vem se consolidando, tornando-a uma importante alternativa alimentar no país.

Mercado

A criação de codornas (coturnicultura) tem apresentado um desenvolvimento bastante acentuado nos últimos tempos. Os principais fatores que contribuem para isso são: o excepcional sabor exótico de sua carne, responsável por iguarias finas e sofisticadas; o baixo custo para implantar uma pequena criação, podendo se tornar uma fonte de renda complementar dos pequenos produtores rurais. Do lado técnico-econômico, torna-se ainda mais atrativa, ao verificar-se o rápido crescimento e atingimento da idade de postura, a elevada prolificidade e o pequeno consumo de ração.

Vantagens da criação de codornas

Este tipo de criação apresenta algumas vantagens, tais como:- Rápido crescimento;- Precocidade sexual;- Alta postura;- Elevada rusticidade;- Baixo consumo alimentar

A criação

A criação de codornas pode ser em dois níveis, que são:- Criação Doméstica: É aquela feita em residências ou em apartamentos, não exige um rigor técnico acentuado, porém, são necessários alguns cuidados básicos, como por exemplo com os dejetos.- Criação Comercial: É aquela feita em grande escala, onde o objetivo do criador será a comercilaização do produto final.

A implantação

No momento da implantação da criação deve-se dar atenção a alguns fatores importantes, que são a:- Localização: É de fundamental importância, já que se devem ser respeitadas as condições de conforto exigidas pelas aves;- Temperatura: A temperatura ideal deve estar entre 20 e 23ºC;- Luminosidade: Este fator é o responsável pela postura, no caso da criação comercial, recomenda-se 18 horas de luz entre natural e artificial;- Água: Responsável pelo metabolismo da ave, como também pela desinfecção das instalações. Ter uma água de boa qualidade é fundamental;- Circulação de ar: Ter um ar que possa ser renovável é muito importante, visto que, isto possibilitará a eliminação do excesso de umidade do ambiente, do calor e dos gases formados pelo metabolismo da ave.

Estrutura

A estrutura básica deve contar com uma boa disponíbilidade de área, água, além é claro de um clima favorável, lembrando que estes requisitos são indicados para o empreendedor que deseja ter uma criação comercial

Instalações e Equipamentos


Irão variar de acordo com o tipo de criação, ou seja, doméstica ou comercial, porém, se torna válido citar alguns tipos de instalações e equipamentos:- Galpões Fechados (laterais). Apresenta um alto custo, além do que não podem ser muito grandes e largos, pois dificultam a circulação de ar, recomenda-se que se tenha várias janelas.- Galpões Abertos (laterais). Apresentam maior economia quando implantados em regiões de alta temperatura, porém, deve-se contralar a temperatura durante o inverno. Este tipo de instalação exige telas nas laterais, a fim de evitar a fuga das aves e impedir a entrada de predadores.- Telhados. Influência na temperatura interna do galpão, as telhas de barro oferecem maior conforto térmico, porém, exigem maior gasto com madeiramento, por outro lado, as telhas de cimento amianto são de custo mais baixo, porém, aumentam a temperatura interna. - Piso. Pode ser de cimento rústico ou outro material, deve apresentar uma pequena declividade.- Gaiolas de Postura. Possibilita um melhor controle produtivo das aves, recomenda-se as gaiolas de arame galvanizado, são padronizadas nas medidas 100cm X 30cm (comporta 30 aves) ou 100cm X 40cm (comporta 40 aves), com duas ou três repartições. Pode-se utilizar gaiolas de madeira (com fundo de arame), tem como vantagem o baixo custo.- Gaiolas de Recria. São utilizadas na fase intermediária de crescimento. As aves são alojadas com 15 dias de vida e saem quando atingem os 35 dias.- Gaiolas para Codornas de Corte. São de tamanho 100cm X 40cm.- Bebedouro. O mais comum é o do tipo nipple, pois possibilita obter melhor qualidade da água, economia na sua administração e maior controle nos medicamentos.- Comedouros. Geralmente vem junto com a gaiola.Investimento e PessoalIrão variar de acordo com o tipo de criação e estrutura a ser adotada.

Os Sistemas de Criação

Existem três tipos:- Criação Sobre Camas. É o de menor tecnologia, consiste basicamente em criar as aves sobre um material absorvente, denominado cama, geralmente de sabugo de milho picado, casca de arroz ou aparas de madeira.- Criação em Gaiolas no Sistema de Baterias. Muito utilizado na fase de crescimento (15 a 35 dias) e na fase de postura. Este nome bateria é dado devido ao conjunto de 4 ou 5 gaiolas, uma sobre a outra, com espaçamento de 15cm.- Criação em Gaiolas no Sistema escada. É o sistema mais moderno de criação, consiste no uso de gaiolas de arame galvanizado, idênticas as utilizadas no sisitema de baterias, fixadas de maneira a dar a impressão de uma escada. Apresenta como desvantagem o seu alto custo.


Alimentação


É constituída basicamente da:- Ração. Há no mercado rações fareladas de uso exclusivo de codornas, pintinho de codorna. Após a eclosão, deve ser mantido em jejum durante 24 horas. A partir deste período receberá ração à vontade. Esta ração contendo 26% de proteína bruta deverá ser oferecida à ave até a idade de 45 dias, quando é levada ao abate ou para a produção de ovos. O consumo estimado no período é de 500 gramas por aves. A partir de 45 dias, as fêmeas receberão a ração de postura com cerca de 23% de proteína bruta. Devem ser oferecidos, diariamente, entre 30 a 35 gramas desta ração por ave. A ração deve ser armazenada em local seco e fresco, não ter contato direto da embalagem com o piso e não ser guardada por período superior a 30 dias. Deve-se evitar, ainda, que seja atacada por roedores.- Água. A água deve ser potável e sempre à vontade.


O Manejo

Divide-se em: - Manejo de Reprodução. As codornas de reprodução devem, preferentemente, ser mantidas em gaiolas coletivas de macho e fêmea. Semanalmente, o macho de um abrigo deve ser trocado de lugar com o macho do abrigo vizinho e assim sucessivamente. Recomenda-se um macho para cada 2 a 3 fêmeas. Devido à grande sensibilidade das codornas à consangüinidade, com marcados efeitos nocivos, recomenda-se evitar os cruzamentos entre parentes próximos. Os ovos férteis de codornas podem ser incubados naturalmente com galinhas anãs ou pombas, muito embora seja um método de pouca eficiência, devido às grandes perdas. O mais recomendável é através da incubação artificial. - Manejo do Pintinho. Decorridas as primeiras 24 horas da eclosão, os pintinhos devem receber aquecimento, ração e água à vontade. A temperatura inicial de criação deve ser 38ºC. A partir do terceiro dia de vida, procede-se à redução diária de 1ºC até que a temperatura se torne ambiente. O piso da criadeira é forrado com papel durante os três primeiros dias de vida. A ração será distribuída na própria forração de papel por sobre o piso, nos três primeiros dias. Depois oferecida em cochos do tipo bandeja. Os bebedouros devem ser lavados e sua água trocada, no mínimo, duas vezes ao dia. - Manejo da Recria. A recria compreende o período entre 16 e 45 dias de idade. Nesta época, as aves continuam recebendo ração e água à vontade. - Manejo de Postura. A quantidade de ração por ave deve ser de 30 a 35 gramas, e a água deverá ser fornecida a vontade. Para um índice elevado de postura, o ambiente da criação das codornas em produção deve ser iluminado na base de uma lâmpada incandescente de 15 WATTS para cada 5 metros quadrados de galpão. - Manejo dos Ovos. Os ovos serão colhidos duas vezes ao dia. A primeira coleta realizada pela manhã e a outra, à tarde. Eles devem ser acondicionados nos pentes próprios, mantidos sobre refrigeração, para que as suas qualidades nutritivas sejam conservadas. Os ovos destinados à incubação serão mantidos em ambiente fresco, arejado e nunca por um período superior a 7 dias.

Prevenção de Doenças

Constituem-se práticas que contribuem para a saúde das codornas a limpeza e a higienização do ambiente da criação, a limpeza freqüente dos bebedouros e comedouros, assim como, a retirada periódica das fezes nas bandejas coletoras. Deve-se lavar e desinfetar a bateria ou a gaiola toda vez que dela for retirado um lote. - Vacinação. As codornas devem ser vacinadas contra as doenças de Newcastle e Coriza, por se constituírem naquelas de maior importância econômica. * Vacinação de Newcastle:- 1ª dose. Aos 21 dias de idade, vacina vírus vivo, amostra La Sota - via ocular, instilando-se uma gota de vacina no olho.- 2ª dose. Aos 45 dias de idade, vacina vírus morto, oleosa -via injetável, no músculo do peito, ou subcutânea, na dose de 0,5ml (meio mililitro).* Vacinação de Coriza Infecciosa:- 1ª dose. Aos 28 dias de idade, vacina amostra morta, a absorvida em hidróxido de alumínio - via injetável, no músculo do peito ou subcutânea, na dose de 0,5ml.- 2ª dose. Aos 45 dias de idade, vacina amostra morta, emulsão oleosa - via injetável, no músculo do peito ou subcutânea, na dose de 0,5ml.- Vermifugação . Aos 30 dias de idade, vermifugar as aves, através da ração, com drogas à base de mebendazole. Repetir a medicação 3 semanas após. A dosagem deverá ser o dobro daquela recomendada a galinhas.

Comercialização

Qualquer criação comercial tem por objetivo o lucro. Na criação de codornas, seja para a produção de ovos, produção de carne ou pintos de um dia de vida, não poderia deixar de ser diferente. Por ser uma criação exótica, existem alguns fatores para os quais o criador deve se atentar, são eles:- Considerar que o consumo de produtos é maior nos grandes centros urbanos;- Regiões onde existam cooperativas que tenham cooperativas que tenham atividades relacionadas à avicultura, principalmente de postura, poderão ser um excelente meio de escoar a produção, por estarem envolvidas na comercialização de ovos;- A venda para atacadistas também é uma forma de escoar a produção. Neste caso, é possível a associação entre o produtor e o comerciante, ficando cada um com a sua responsabilidade;- A comercialização direta ao consumidor é vantajosa para pequenas criações (5.000 aves poedeiras, por exemplo), por permitir maior lucratividade. Esta vantagem, no entanto, diminui quando são granjas maiores, devido aos custos envolvidos na comercialização do produto.

Criação Doméstica

Se o objetivo é ter uma criação pequena no fundo de casa, ela pode ser iniciada com codorninhas de 1 a 28 dias. Outra opção é começar com algumas matrizes e reprodutores e depois selecionar, em cada geração, os machos e fêmeas mais robustos, para dar origem a novos reprodutores. Não há muito rigor técnico para a criação doméstica, pois, geralmente, o objetivo do criador é o de obter ovos para seus familiares e ter as aves como um hobby. Contudo, mesmo nestas condições, são necessários alguns cuidados. Os dejetos, por exemplo, precisam ser adequadamente eliminados, pois o seu acúmulo irá ocasionar a proliferação de moscas ou outros insetos e mau cheiro em excesso. As gaiolas existentes no mercado podem ser utilizadas neste tipo de criação, com pequenas modificações quando necessário.

Lembretes Importantes

Alguns fatores que devem ser considerados por parte do empreendedor:- Manter um controle rígido de qualidade e o conhecimento, por parte do criador, das principais características do animal são fundamentais; - A criação racional de codornas segue regras básicas de manejo, alimentação, sanidade e instalações.

MINHOCULTURA




A MINHOCA




Descrição: A minhoca utilizada nesta actividade não é uma minhoca qualquer é a “Eisenia foetida”, popularmente conhecida como "Vermelha da Califórnia".
Espécies: Das cerca de 4 mil espécies conhecidas de minhocas, apenas três estão a ser criadas com fins comerciais:(1) A Eisenia foetida que são as minhocas encontradas nos montes de esterco. (2) A Lumbricus rubellus, popularmente conhecida como "Vermelha da Califórnia".(3) A Eudrilus eugeniae, que é a "Gigante Africana", que está em alta moda e tem excelente aceitação.
Pesquisa: A partir das décadas de 70 e de 80, a comunidade científica internacional tem trabalhado no desenvolvimento de novos processos com a utilização de sistemas biológicos para o tratamento de uma grande variedade de resíduos orgânicos como o lodo de esgoto e o lixo doméstico. Estas são pesquisas de grande importância e aplicação práctica.
Reprodução: As minhocas são hermafroditas, ou seja, o mesmo indivíduo tem os dois órgãos sexuais mas não se auto-fecundam. Precisam de um outro parceiro para se reproduzir. Ficam sexualmente maduras aos 40 dias de idade e reproduzem-se durante todo o ano, principalmente quando o clima é quente e húmido. Geralmente, o acasalamento acontece durante a noite, num período entre uma a duas horas. As duas minhocas ficam fecundadas e põem entre um e 20 ovos. A postura é feita de cinco em cinco dias, independentemente de terem sido fecundadas. Cada minhoca produz 500 filhos, por ano. E a capacidade reprodutiva dura a vida toda que é de cerca de 10 anos. O ovo fertilizado eclode com 28 dias.
Características: As minhocas não têm olhos mas, apesar disso, são muito sensíveis à luz, principalmente à do sol. Elas têm uma enzima, produzida no intestino que ataca a celulose da parede das células vegetais e seu suco gástrico ataca os grânulos de rochas e minerais engolidos alterando a sua estrutura. Os carbonatos expelidos pelas minhocas servem como correctivo dos solos ácidos (correcção do pH). Além disso, os demais componentes do húmus são excelentes nutrientes vegetais.
Excreção: As minhocas começam a sua excreção oito horas após se alimentarem e ficam a excretar durante sensivelmente cinco horas seguidas.




QUAIS OS BENEFÍCIOS DO HÚMUS DE MINHOCA PARA O SOLO ?




* melhora a porosidade e a aeração do solo, aumentando a capacidade de captação de nutrientes pelas plantas;
* aumenta vida biológica no solo, com o desenvolvimento de bactérias e fungos fixadores do nitrogênio e proliferação dos microrganismos;
* diminui a quantidade de adubo químico, proporcionando redução nos custos de produção;
* pode ser empregado em todo tipo de cultura;
* é um produto natural que não degrada o meio ambiente.




O QUE É O HÚMUS DE MINHOCA ?




Húmus de minhoca ou vermicomposto é o excremento das minhocas, um produto natural, estável de coloração escura, rico em matéria orgânica, tendo nutrientes e facilmente absorvido pelas plantas.




PORQUE É ESTA ESPÉCIE A MAIS RECOMENDADA ?




Devido aos seguintes aspectos:
* Apresenta crescimento rápido;
* Possui precoce maturidade sexual;
* Melhor adaptação ao cativeiro.




QUAL A ESPÉCIE DE MINHOCA UTILIZADA NESTA ACTIVIDADE ?






Na natureza, as minhocas dividem-se em cerca de 8.000 espécies. Porém a mais indicada para esta actividade é a vermelha da Califórnia, cujo nome cientifico é (Eisenia foetida).







Minhoca Vermelha da Califórnia


QUAIS OS PRINCIPAIS CUIDADOS PARA INICIAR A CRIAÇÃO DE MINHOCAS ?


Alimentação: a matéria-prima mais usada é o esterco bovino curtido "estrume", porém deve ser de boa procedência e não apresentar contaminação pela presença de predadores; como também a de amônia, proveniente da urina de animais ou por resíduos de outros produtos. É aconselhável que o agricultor tenha sua própria matéria-prima.
Cobertura: o canteiro deve ser coberto por uma camada de 5 a 10cm de palha seca para manter a humidade e a escuridão, essenciais à criação de minhocas, que não podem receber luz solar.
Temperatura: a temperatura interna do canteiro ideal, para criação da espécie vermelha da Califórnia situa-se na faixa de 16º a 22ºC.
Humidade: a humidade do material deve ser em torno de 60%, mantidas através de regas em dias alternados.


O QUE É MINHOCULTURA ?


É uma actividade onde se utilizam minhocas para conversão e transformação de resíduos orgânicos em húmus.




Separação das Minhocas:



- Manual - diretamente sobre o canteiro.
- Iscas - colocam-se sacos de ráfia cheios de esterco
sobre o canteiro atraindo as minhocas, em seguida
separando os sacos de ráfia do material já
estabilizado (húmus).
- Peneira - separa-se o húmus das minhocas através
do peneiramento.



Comercialização:



O húmus poderá ser armazenado durante um
período de seis meses depois de produzido. Acima
deste período, o húmus vai perdendo seus nutrientes.
O húmus pode ser vendido como adubo orgânico e
utilizado na produção de mudas.
Além disso, a minhocultura é capaz de
produzir uma grande biomassa (minhocas) que pode
ser utilizada na complementação da alimentação
animal, na pesca esportiva, venda de matrizes para
produtores que desejam entrar no ramo da
minhocultura, ou até mesmo na alimentação humana,
devido ao seu elevado nível de proteínas, e também na
indústria farmacêutica, para a produção de
medicamentos, sendo já utilizados em alguns países
orientais (China e Japão).



Minhocultura ou Vermicompostagem



Processo de reciclagem de resíduos orgânicos
através da criação de minhocas em minhocários,
oferecendo importante alternativa para resolver
economicamente e ambientalmente os problemas dos
dejetos orgânicos, como o lixo domiciliar. O produto
final da vermicompostagem constitui num excelente
fertilizante orgânico (húmus) capaz de melhorar
atributos químicos (oferta, melhor retenção e
ciclagem de nutrientes), físicos (melhoria na
estruturação e formação de agregados) e biológicos
do solo (aumento da diversidade de organismos
benéficos ao solo).



Espécies de Minhocas criadas comercialmenteno Brasil:



- Eisenia foetida, também conhecida como vermelhada-
califórnia;
- Eudrilus eugeniae, ou noturna africana ou minhoca
do esterco.



Técnicas de Criação:



O local de construção do minhocário deve situar-se
o mais próximo possível do mercado consumidor e da
matéria-prima utilizada como substrato. Além de
situar-se em uma área de fácil acesso, de
preferência em locais parcialmente sombreados,
mas com boa insolação, e em terrenos elevados, com
pouca declividade, facilitando a construção dos
canteiros e os sistemas de drenagem. Um fator
limitante que devemos estar atentos na fase de
elaboração do minhocário é a disponibilidade de
matéria-prima e água em abundância e limpa no local,
principalmente nos períodos de seca, quando é mais
necessária para a irrigação dos canteiros


Tipos de Criatórios:


- Caixas de madeira ou tonéis de 200 litros,
cortados longitudinalmente, com furos na parte
inferior.
- Canteiros de blocos, tijolos, madeira ou bambu,
normalmente possuem 1 metro de largura por 0,30 a
0,40 cm de altura e o comprimento possível ou
desejado. O piso do canteiro poderá ser cimentado
ou terra batida.
- Sistema de montes com o piso em terra batida ou
cimentado.



Fontes de matéria-prima:



Toda matéria orgânica de origem animal e
vegetal passada pela pré-compostagem, ou seja,
semi-curado, livre de fermentação, pode ser usada
na alimentação das minhocas. As minhocas exigem
alimentações balanceadas, rica em nitrogênio,
fibras e carboidratos. Quanto mais rica for a
matéria-prima, maior será o sucesso econômico do
seu empreendimento. Podemos utilizar como fontes
de matéria-prima: estercos de boi, cavalo e coelho,
restos de cultura (uma leguminosa, pois fixa
nitrogênio, palha, folhas e cascas de frutas),
resíduos agro-industriais (bagaço de cana), lixo
domiciliar, lodo de esgoto.



Manejo do Minhocário:



A quantidade necessária de minhocas para
iniciar a criação é de 1 litro, aproximadamente 1500
minhocas /m². Para um bom desenvolvimento do
minhocário além de matéria-prima suficientemente
rica para alimentar as minhocas, devemos
proporcionar um ambiente adequado para o bom
desenvolvimento e reprodução das minhocas,
monitorando a temperatura (entre 20-25°C),
umidade (70-85%), pH ( pH 7,0), aeração e
drenagem do meio (o meio não deve ser compactado
e nem encharcado). É interessante depois de
preenchido os canteiros com as diferentes fontes
de matéria-prima semi-curada, cobrirmos os
canteiros com folhas de bananeiras ou restos de
capina para manutenção de umidade e proteção
contra incidência direta da luz solar, além de
dificultar fuga das minhocas.
A minhoca possui alguns inimigos naturais
que devem ser controlados, dentre eles galinhas, ,
sanguessugas, pássaros e formigas lava-pés. Se o
ambiente natural não for favorável ao
desenvolvimento das minhocas haverá fugas das
mesmas, inviabilizando a produção do seu
empreendimento.

A CRIAÇÃO DE ABELHAS INDÍGENAS SEM FERRÃO


Introdução
Entre as abelhas sociais brasileiras, as pertencentes à subfamília Meliponinae, chamadas popularmente de abelhas indígenas sem ferrão, são as mais conhecidas. Existem mais de 200 espécies diferentes, algumas das quais freqüentemente criadas para a produção de mel. Os ninhos dessas abelhas são encontrados, de acordo com a espécie, em locais bastante diversos, havendo aquelas que constroem ninhos subterrâneos, dentro de cavidades preexistentes, formigueiros abandonados, entre raízes de árvores etc, como a guira ou mulatinha-do-chão (Schwarziana quadripunctata) ou a mombuca (Geotrigona mombuca) ou, ainda, a mandaçaia-do-chão (Melipona quinquefasciata). Outras constroem ninhos aéreos, presos a galhos ou paredes como a arapuá (Trigona spinipes) ou a sanharão (Trigona truculenta). A maioria das espécies, entretanto, constrói seus ninhos dentro de cavidades existentes nos troncos ou galhos das árvores como a jataí (Tetragonisca angustula), a mandaçaia (Melipona quadrifasciata), a manduri (Melipona marginata), a mandaguari (Scaptotrigona postica), a timirim (Scaptotrigona xanthotricha) e muitas outras espécies. Muitas dessas espécies, que utilizam cavidades em madeira, são muitas vezes encontradas em cavidades existentes em muros e paredes de alvenaria, como acontece comumente com a jataí, a iraí (Nannotrigona testaceicornis) e a mirim (Plebeia droryana). Algumas espécies fazem ninhos ainda dentro de cupinzeiros como acontece com a cupira (Partamona sp.) ou com Scaura latitarsis, e outras constroem dentro de formigueiros ativos. O interessado em abelhas indígenas precisa atentar para o fato de que muitas vezes o nome popular varia de uma região para outra, de tal forma que muitas vezes uma única espécie recebe, em regiões diversas, denominações diferentes e, muitas vezes, o mesmo pode ser usado para designar várias espécies de abelhas. Como as abelhas são polinizadoras de plantas, cultivadas ou não, é importante que se atente para o fato de que, mais importante que o mel produzido por elas, é a polinização que promovem e que permite a produção de sementes por diversas plantas, muitas das quais extremamente úteis para o homem. Sem esse auxílio, muitas espécies de plantas deixam de produzir frutos e sementes, podendo inclusive serem extintas. Dada a grande importância das abelhas indígenas é preciso que se preservem estas espécies, pois, muitas delas estão sendo dizimadas, seja pelo desmatamento e queimadas, seja pelo uso indiscriminado de agrotóxicos. Como muitas dessas espécies produzem mel saboroso e muito procurado, os próprios meleiros, que retiram o mel destruindo a colméia, contribuem para a extinção dessas abelhas em algumas regiões. A criação dessas abelhas e a sua exploração racional podem contribuir para a preservação das espécies e dar ao meliponicultor oportunidade de obter mel. Esta atividade vem sendo desenvolvida há bastante tempo em diversas regiões do país, especialmente no Norte e Nordeste, havendo meliponicultores que possuem grande número de colméias de uma única espécie, como é o caso da tiúba (Melipona compressipes) no Maranhão ou a jandaíra (Melipona subnitida) no Ceará e Rio Grande do Norte. Existem, ainda, muitos meliponicultores que criam abelhas indígenas como passatempo, explorando o mel apenas esporadicamente. Colônias de abelhas indígenas podem ser obtidas pela atração de enxames, pela divisão de colônias já estabelecidas e pela captura de colônias existentes na natureza.

As Abelhas sem Ferrão


Centenas de espécies para polinização, produção de mel, lazer e educação
Apesar de ter sido trazida da Europa somente no século passado e da África neste século, conhecemos a abelha africanizada (Apis mellifera) muito bem. Seu mel e outros produtos são amplamente comercializados em todo o mundo, suas picadas são famosas, e muitos aspectos da sua biologia foram minuciosamente estudados - até Aristóteles já escreveu sobre elas. Não ocorre assim com as abelhas sem ferrão: como são quase uma exclusividade dos trópicos, não chegaram ao conhecimento ocidental até que os naturalistas se aventuraram nas expedições ultramarinas nos últimos séculos. No entanto, já nos códices (livros) maias pré-colombianos se explicava como criar espécies de abelhas sem ferrão que tinham importância econômica ou religiosa (fig.1). Também os índios kayapó revelaram um conhecimento assombroso da anatomia e comportamento das espécies das quais ainda aproveitam o mel, o pólen e as larvas para alimentação; o cerúmen e as resinas para confecção de artefatos (inclusive flechas), e misturas de abelhas e partes do ninho na medicina - além de mitologicamente se espelharem nestes animais para entender a origem e organização da tribo.
Para entender as abelhas sem ferrão, falemos um pouco das abelhas em geral. Todas provêm evolutivamente de um grupo de vespas que deixou de fornecer presas (como aranhas e insetos) a seus filhotes, substituindo a necessidade de proteína para o desenvolvimento das larvas com o pólen coletado das flores. Contrário à imagem popular, das 20.000 espécies de abelhas atuais, a maioria é solitária: não tem colônias, nem rainhas, nem operárias. Só umas poucas vivem em complexas sociedades com requintados sistemas de comunicação e cooperação. E dentro destas, somente se multiplicam em enxames o grupo das abelhas Apis (que comentávamos no início), e o grupo que estamos tratando agora e cujos representantes mais populares são a jataí (Tetragonisca angustula), uruçu (Melipona scutellaris), tiúba (Melipona compressipes), jandaíra (Melipona subnitida), borá (Tetragona clavipes), mandaçaia (Melipona quadrifasciata, fig. 2), etc.
O fato mais marcante destas abelhas é justamente que a espécie antepassada que deu origem a este grupo perdeu o ferrão. Isto provavelmente está relacionado com o fato de a colônia não ficar exposta quando as abelhas enxameiam (elas se dividem e mudam de casa "pouco a pouco") e a construção de ninhos ser geralmente em lugares bem protegidos. Com efeito, dificilmente veremos as abelhas sem ferrão se caminharmos numa floresta desatentos, e claro, nunca tropeçaremos com um enxame delas.
Seus ninhos são um espetáculo aparte de arquitetura e organização (fig. 3). Geralmente se alojam em cavidades de tamanhos adequados as quais elas acabam de acondicionar com barro, cera e resina. Estas cavidades podem ser ocos de velhas árvores, cipós ou bambus, em ninhos (abandonados ou não) de aves, cupins e formigas e até tijolos ocos, frestas nas paredes, cabaças, panelas... Os ninhos mais fáceis de ver são das espécies que constróem sobre as árvores, e que podem chegar a ter cerca mais de 100.000 indivíduos, como o da famosa irapuá (Trigona spinipes). A entrada (também muito variável conforme a espécie: desde enormes "bocas de sapo" feitas de barro, até "canudos" de cera que são fechados a noite) nos conduz a um mundo fantástico, construído basicamente de uma mistura da cera secretada no dorso das abelhas e resina coletada de plantas (o própolis). Esta combinação chamada de cerume não é casual, pois unem-se as características de maleabilidade e isolamento térmico da cera com o poder antibiótico das resinas. Este material é manipulado incessantemente por operárias para a construção de colunas, potes de pólen e mel, lâminas de isolamento térmico e as células de cria. Aliás, merece uma menção especial o processo de aprovisionamento e oviposição de cada célula, pois para que possa construir-se estas células de cria, aprovisiona-las com alimento, a rainha depois botar o ovo e finalmente ocorrer o fechamento da célula, existe um processo de sincronização, ritualização e interação que não é encontrado em outros animais (nem em outras abelhas) (fig.4).
A organização social destas abelhas apresenta assim muitas peculiaridades que são desafios científicos: por exemplo, o apicultor comum estranhará o fato destas colônias estarem sempre produzindo rainhas que na maioria das vezes serão simplesmente mortas pelas operárias. As equipes científicas brasileiras e de diversos países tem contribuído muito, e ainda vem trabalhando para o esclarecimento destas questões. Mas também existem aspectos das abelhas sem ferrão que interessam não só à ciência, mas à economia e à sociedade em geral, e que atualmente não são suficientemente percebidos e aproveitados:
1) Muitas espécies produzem um mel de excelente qualidade (fig. 5) - incluindo-se alguns dos quais a medicina popular atribui qualidades terapêuticas. Existem amplas possibilidades econômicas abertas neste campo, como ilustra o fato de os japoneses já terem oferecido pelo mel de jataí 5 vezes o preço do mel de Apis. Queriam 5 toneladas, não acharam nem 5 quilos!
2) A criação de abelhas sem ferrão é muito fácil até na cidade. A docilidade da maioria das espécies e seu comportamento fascinante as tornam um excelente material lúdico para os adultos e um instrumento de educação ambiental para as crianças;
3) Seu papel chave nos ecossistemas dificilmente é apreciado na sua plenitude. As abelhas campeiras, ao coletar o néctar e o pólen, visitam quase todo tipo de arbustos e árvores com flores, servindo assim de agentes polinizadores: verdadeiros "cupidos" das matas e plantações. É significativo que certas espécies de abelhas sem ferrão já sejam criadas pelos próprios agricultores para polinizar seus cultivos. Esta prática - comum com Apis e mamangavas - esta sendo aplicada até a certos cultivos de estufa (como a nossa iraí que está sendo usada no Japão na polinização do morango). Mesmo assim, com toda a importância que este grupo possui para o homem, surpreende que em estudos atuais sobre diversidade de abelhas na natureza, ainda novas espécies sejam descritas. Se isto produz uma grande satisfação científica, outro dado é motivo de sincera preocupação: a destruição acelerada dos ecossistemas naturais está condenando várias espécies a uma existência limitada às gavetas dos museus (ou nem isso). Mesmo onde ainda há matas em bom estado - o único ambiente possível para muitas espécies - é comum a destruição dos ninhos para a coleta predatória do mel. As espécies que conseguem sobreviver em ambientes modificados pelo homem também enfrentam sérios problemas: é fácil imaginar qual é o impacto nos polinizadores da própria lavoura (e na dos vizinhos) com uso irresponsável de inseticidas. Neste último caso o efeito econômico não se faz esperar, pois com menos polinizadores a produção agrícola tende a cair.
Podemos supor que o mundo era bem diferente quando os dinossauros ainda dominavam a paisagem e os antepassados do homem eram uns pequenos insetívoros que habitavam a noite da floresta. Mas nessa época, há 80 milhões de anos, as abelhas sem ferrão já estavam lá e cumpriam seu papel de polinizadores ao visitar as flores que recentemente tinham feito sua aparição na paisagem. Para que estes seres tão benéficos para os ecossistemas tropicais e para o próprio homem continuem existindo temos que tomar medidas, que aliás são as que todos já conhecemos, e que não ajudam só às abelhas, mas a muitas outras espécies - inclusive ao homem. Essas medidas são a proteção dos ecossistemas, o uso sustentado dos recursos naturais, o respeito às leis ambientais vigentes e a implementação da educação ambiental desde a escola. Se considerarmos que no território que o nosso país ocupa se encontra nada menos que metade das 400 espécies de abelhas sem ferrão, percebemos que também neste caso, além de privilegiados donos de um enorme potencial natural a ser explorado, também somos depositários de uma responsabilidade extraordinária frente à presente e às futuras gerações.