sábado, 14 de junho de 2008

Criação de galinhas

Manejo Sanitário









Tem por objetivo manter as condições de higiene no sistema de criação que permitam minimizar a ocorrência de doenças, obter boa performance e bem-estar das aves, além de assegurar ao consumidor um produto de boa qualidade. Uma das formas de controlar as doenças no plantel é por meio da higienização das instalações, controle de vetores de doenças e remoção de carcaças de aves mortas. Essas medidas visam a diminuir os riscos de infecções e aumentar o controle sanitário do plantel, resguardando a saúde do consumidor.





O manejo sanitário deve ser estabelecido levando-se em conta dois pontos principais:





1) Assepsia de instalações e equipamentos:





A remoção periódica dos excrementos e pulverização de toda a instalação com produtos naturais como fumo e sabão, cuja calda pode ser obtida a partir da desagregação de 200 gramas de fumo e sabão na proporção de (1:1) em um litro d'água durante 1 dia e posterior diluição e cinco litros d'água.






-Limpeza diária dos comedouros e bebedouros.
-Renovação, a cada ciclo de incubação, do enchimento dos ninhos.





2) Controle de doenças fisiológicas, patogênicas e parasitárias:






-O controle de doenças fisiológicas é realizado mediante o uso de práticas de manejo que evitam situações estressantes. Deve ser efetuado levando-se em conta a taxa de lotação adequada, o suprimento protéico e mineral de acordo com a exigência para cada fase de criação, ventilação das instalações, fornecimento de água e comida nas horas adequadas, etc;



-As doenças patogênicas são transmitidas por meio de vírus e bactérias. As principais doenças que ocorrem na região Meio-Norte do Brasil são a Bronquite infecciosa, Newcastle, Gumboro e Varíola aviária (Bouba). Além da limpeza dos equipamentos e instalações, também deve ser estabelecida uma cobertura vacinal, além do uso de antibióticos (Tabela 12).



-Para o controle das doenças parasitárias, além da limpeza de equipamentos e instalações deve-se, também, estabelecer um plano de controle de endo e ectoparasitas, que dependerá do monitoramento das condições das aves (Tabela 12).

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Moringa oleifera - Uma árvore de uso múliplo

ÁRVORE MORINGA



A água de rio quando coletada para uso doméstico pode estar cheia de impurezas, particularmente na estação chuvosa. A água carrega sedimentos, objetos sólidos, bactérias e outros microorganismos (alguns dos quais podem transmitir doenças). É muito importante que se remova o máximo possível deste material antes que as pessoas usem a água. Grandes centros de tratamento de água fazem isto adicionando-se coagulantes químicos na água. Isto faz com que as partículas se juntem umas às outras (coagulem) e afundem. A água limpa pode então ser retirada. As substâncias químicas corretas, no entanto, talvez não sejam facilmente encontrados ou sejam muito caras. A alternativa é usar um coagulante natural, normalmente feito de plantas. Em certas partes do mundo, isto tem sido feito há séculos em pequena escala.


O Environmental Engineering Group (Grupo de Engenharia Ambiental) da Universidade de Leicester, Reino Unido, tem estudado o uso potencial de coagulantes naturais em grande escala no tratamento de água. O trabalho deles incluiu testes com as propriedades naturais de coagulação da semente triturada da árvore Moringa oleifera. Esta árvore é nativa do norte da Índia e é agora cultivada amplamente ao longo dos trópicos. É às vezes conhecida como ‘baqueta‘por causa do formato da sua vagem e ‘rábano (rabanete) picante’ descrevendo o gosto de suas raízes. A moringa cresce rapidamente da semente ou enxertos, mesmo em solos pobres. Não necessita muito cuidado e pode sobreviver longos períodos de seca. Cresce rapidamente – até 4 metros de altura, flores e frutos foram produzidos dentro de um ano de plantio, durante testes próximos de Nsanje, no sul do Malawi. Em algumas áreas do sul da Índia, duas colheitas de vagens com sementes são possíveis em um mesmo ano. Assim como o quadro ao lado indica, a árvore tem muitos usos.



Tratamento de água para uso doméstico



Vagens com sementes devem ser deixadas para amadurecer na árvore e coletadas quando secas. As ‘asas’ leves e cascas das sementes são facilmente removidas, deixando apenas a parte branca da semente. Isto deve então ser triturado muito bem e socado com o uso de um pilão. A quantidade necessária de sementes para se tratar a água de rio depende de quanta impureza a água contém. Os utilizadores ficam familiarizados rapidamente com a quantidade de sementes que se deve usar para cada tipo de água, visto que a quantidade de sedimentos muda com cada estação.

Para tratar 20 litros de água (quantidade equivalente a um balde grande) são necessárias cerca de 2 gramas de sementes trituradas (duas colheres de chá razas de 5 ml ou duas tampinhas de refrigerante cheias). Adicione uma pequena quantidade de água limpa às sementes trituradas para formar uma pasta. Coloque a pasta dentro de uma garrafa vazia – uma garrafa de refrigerante é ideal. Adicione uma xícara (200 ml) de água limpa e agite por 5 minutos. Esta ação ativa as substâncias químicas nas sementes trituradas.


Filtre a solução com um pano branco de algodão colocando-a dentro de um balde de 20 litros com a água do rio. O conteúdo deve então ser misturado rapidamente por 2 minutos e depois misturado vagarosamente por 10–15 minutos. Durante este período de se estar misturando o conteúdo lentamente, as partículas das sementes da moringa se juntarão coagulam com as bactérias e formam partículas maiores, as quais decantam no fundo do balde e lá permanecem. Após uma hora, a água limpa pode ser retirada.

Este processo removerá 90–99.9% das bactérias que se juntam com as partículas sólidas, purificando a água. No entanto, alguns microorganismos prejudiciais que ainda permanecem na água podem não ser removidos, especialmente se a água estiver muito poluída. Para se conseguir que a água seja potável, mais purificação é recomendada – seja fervendo a água ou usando-se um filtro simples de areia. As sementes secas (remova as que estão sem cor) e o pó podem ser armazenados. No entanto, a pasta deve ser preparada no dia que vai ser usada.



Tratamento de água em grande escala



Nosso trabalho experimental foi realizado em Thyolo no sul do Malawi, onde um local de tratamento de água foi construído como um sistema modelo para o tratamento de água dos vilarejos. Não é necessária eletricidade para a operação. No Malawi em 1993, produtos químicos importados da África do Sul custaram à empresa de água mais de £400.000 em valiosa moeda estrangeira. Nossos testes com o uso das sementes da moringa deram resultados na purificação de água que foram tão bons como os resultados obtidos com substâncias químicas comerciais – com uma fração do custo. 50–150 mg de sementes inteiras são necessárias para um litro de água. Testes simples em um jarro determinarão quantas sementes serão necessárias.
Muitos países em desenvolvimento poderiam economizar muito dinheiro adotando estas idéias.



Produtos vegetais e óleo



A vagem da moringa é uma colheita comercial importante em toda a Índia. No sul, muitas variedades foram desenvolvidas com diferentes comprimentos de vagem e períodos de crescimento. As vagens são vendidas nos mercados locais. Vagens verdes não maduras são cortadas em seções e enlatadas em salmoura para exportação para a Europa e Estados Unidos.

Em outros lugares do mundo as árvores da moringa são apreciadas pelos camponeses pela qualidade de suas vagens e folhas. As folhas têm um alto conteúdo de proteína de 27% e são ricas em vitamina A e C, cálcio, ferro e fósforo. Uma vantagem é que as folhas da moringa podem ser colhidas durante a estação seca quando nenhum outro vegetal é encontrado à venda.

As sementes da moringa contém 40% de óleo em seu peso. Testes laboratoriais em Leicester confirmaram que o que resta das sementes após a extração do óleo contém ainda os coagulantes ativos. Estes podem ser usados para tratar a água da mesma maneira que foi descrita acima. O que resta das sementes pode ser secado e armazenado. Pode ser obtido sem nenhum custo como sub – produto da extração de óleo.

Este é um ponto importante. As sementes da moringa podem primeiro ser usadas para a extração de óleo, sem reduzir a eficácia do tratamento da água. O óleo da moringa é de alta qualidade e potencialmente tem um alto valor no mercado. O óleo é de igual valor, tanto para cozinha assim como ingrediente principal na produção de sabão. A demanda por óleo no Malawi é muito maior do que a produção atual dentro do país. Óleo de soja é portanto importado da América do Sul.

Uma visita foi feita a um vilarejo no sul do Malawi que tinha muitas árvores de moringa, carregadas com vagens. As árvores são muito valorizadas pelos produtos que produzem mas os moradores do vilarejo não haviam colhido as vagens por não poderem pagar pelo óleo vegetal importado que é necessário para cozinhá-las pois eles não perceberam que a moringa em si própria poderia fornecer o óleo.



Conclusões



O plantio da moringa por pequenos agricultores deve ser encorajado. Isto irá melhorar a saúde e o rendimento dos mesmos. Esta árvore valiosa fornecerá produtos vegetais e matérias primas para a extração de óleo. Tecnologia simples pode ser encontrada para se iniciar negócios de pequena escala na extração de óleo em zonas rurais. Testes estão sendo realizados pela ITDG de Zimbabue.

O grande potencial desta árvore e de seus vários produtos não foi reconhecido. No sul da Nigéria, a moringa é conhecida como idagba manoye – que é traduzido como ‘crescendo sem lógica’. Pode-se esperar que no futuro o bom senso prevaleça e que o real potencial desta árvore e de seus muitos produtos seja reconhecido.
Geoff Folkard e John Sutherland são membros do Grupo de Engenharia Ambiental da Universidade de Leicester. Eles gostariam de se corresponder com leitores sobre o cultivo das muitas variedades da moringa oleifera e com aqueles que tenham experiência na extração e uso do óleo da moringa. Eles podem ser contactados no…
Department of Engineering University of Leicester Leicester, LE1 7RH, Reino Unido.



Os usos da Moringa




VEGETAL

-Vagens verdes, folhas, flores e sementes que podem ser torradas.

ÓLEO

-As sementes contém 40% de óleo por peso.
-Usado para cozinhar, produzir sabão, como base para cosméticos e em lâmpadas.
COAGULANTE DE AGUA

-Tradicionalmente usado para ‘tratamento para uso doméstico’ no Sudão e Indonésia.
-Usado com sucesso no tratamento de água em grande escala no Malawi.
OUTROS USOS

-Todas as partes da planta podem ser usadas em uma variedade de remédios tradicionais.
-A semente em pó é usada em unguento no tratamento de infecções da pele causadas por bactérias comuns.
-A folhas e sementes podem ser usadas como alimento para o gado ou como fertilizante para o solo.
-Podem servir como cêrcas ou para quebrar a força do vento.
-A madeira é fonte de combustível. Os galhos principais podem ser podados para que outros galhos cresçam.
-Agro-silvicultura; para se intercalar com outras colheitas – a moringa é boa para se adicionar nitrogênio ao solo devido às vagens e folhas que produz.





sábado, 17 de maio de 2008

Compostagem

Aprendendo a fazer a compostagem


Muitas pessoas acreditam que um bom composto é difícil de ser feito ou exige um grande espaço para ser produzido; outras acreditam que é sujo e atrai animais indesejáveis. Se for bem feito, nada disto será verdadeiro. Um composto pode ser produzido com pouco esforço e custos mínimos, trazendo grandes benefícios para o solo e as plantas. Mesmo em um pequeno quintal ou varanda, é possível preparar o composto e, desta forma, reduzir a produção de resíduos inclusive nas cidades. Por exemplo, com restos das podas de parques e jardins se produz um excelente composto para ser utilizado em hortas, na produção de mudas, ou para ser comercializado como adubo para plantas ornamentais. Desta forma, são obtidos dois ganhos ao mesmo tempo: com a produção do composto propriamente dita e um benefício indireto que é a redução de gastos de transporte e destinação do lixo orgânico produzido pela comunidade local.






Outro engano muito comum é mandar para a lata do lixo partes dos alimentos que poderiam ir para o prato: folhas de muitas hortaliças (como as da cenoura e da beterraba), talos, cascas e sementes são ricas fontes de fibra e de vitaminas e minerais fundamentais para o bom funcionamento do organismo. O que comprova que a melhoria da saúde tanto de famílias ricas ou pobres pode ser conseguida como medidas simples como o reaproveitamento integral de alimentos, e o desenvolvimento de bons hábitos de vida e nutrição.







Todos os restos de alimentos, estercos animais, aparas de grama, folhas, galhos, restos de culturas agrícolas, enfim, todo o material de origem animal ou vegetal pode entrar na produção do composto.



Contudo, existem alguns materiais que não devem ser usados na compostagem, que são:

madeira tratada com pesticidas contra cupins ou envernizadas.
vidro, metal, óleo, tinta, couro, plástico e papel, que além de não serem facilmente degradados pelos microorganismos, podem ser transformados através da reciclagem industrial ou serem reaproveitados em peças de artesanato.

A fabricação do composto imita este processo natural, porém com resultado mais rápido e controlado. A seguir, serão descritos os materiais e as etapas para a elaboração das pilhas de composto numa propriedade rural.
Materiais para fazer o composto
-Esterco de animais.
-Qualquer tipo de plantas, pastos, ervas, cascas, folhas verdes e secas
Palhas
-Todas as sobras de cozinha que sejam de origem animal ou vegetal: sobras de comida, cascas de ovo, entre outros.
-Qualquer substância que seja parte de animais ou plantas: pêlos, lãs, couros, algas.
-Observação: Quanto mais variados e mais picados (fragmentados) os componentes usados, melhor será a qualidade do composto e mais rápido o término do processo de compostagem.
Modo de preparo das pilhas de composto


Escolha do local: deve-se considerar a facilidade de acesso, a disponibilidade de água para molhar as pilhas, o solo deve possuir boa drenagem. Também é desejável montar as pilhas em locais sombreados e protegidos de ventos intensos, para evitar ressecamento.
Iniciar a construção da pilha colocando uma camada de material vegetal seco de aproximadamente 15 a 20 centímetros, com folhas, palhadas, troncos ou galhos picados, para que absorva o excesso de água e permita a circulação de ar.
Terminada a primeira camada, deve-se regá-la com água, evitando encharcamento e, a cada camada montada, deve-se umedecê-la para uma distribuição mais uniforme da água por toda a pilha.
Na segunda camada, deve-se colocar restos de verduras, grama e esterco. Se o esterco for de boi, pode-se colocar 5 centímetros e, se for de galinha, mais concentrado em nitrogênio, um pouco menos.
Novamente, deposita-se uma camada de 15 a 20 cm com material vegetal seco, seguida por outra camada de esterco e assim sucessivamente até que a pilha atinja a altura aproximada de 1,5 metros. A pilha deve Ter a parte superior quase plana para evitar a perda de calor e umidade, tomando-se o cuidado para evitar a formação de "poços de acumulação" das águas das chuvas.
Vale lembrar que durante a compostagem existe toda uma sequência de microorganismos que decompõem a matéria orgânica, até surgir o produto final, o húmus maduro. Todo este processo acontece em etapas, nas quais fungos, bactérias, protozoários, minhocas, besouros, lacraias, formigas e aranhas decompõem as fibras vegetais e tornam os nutrientes presentes na matéria orgânica disponíveis para as plantas.

Agricultura Convencional

Agricultura Convencional





A Agricultura convencional praticada nos dias de hoje visa, acima de tudo, produção, deixando em segundo plano a preocupação com a conservação do Meio Ambiente e a qualidade nutricional dos alimentos.


Ao melhorar geneticamente uma planta para que ela produza mais, pode-se estar reduzindo sua resistência a pragas e doenças, pois sua energia é desviada da parte vegetativa para a reprodutiva. Substâncias indesejáveis, como alcalóides, que dão sabor amargo aos alimentos são eliminados. Além disso, as plantações ficam sem variabilidade genética. Assim, essas plantas tornam-se mais vulneráveis a pragas e doenças.


As plantas escolhidas para o melhoramento geralmente são as que melhor respondem à adubação mineral, tornando necessária a aplicação freqüente de fertilizantes solúveis, ocasionando desequilíbrio mineral no solo.


Um outro problema que geralmente ocorre com as plantas melhoradas, é que quando são híbridas, o agricultor não consegue reproduzi-las em sua propriedade e precisa sempre comprar as sementes da empresa que as produz.


O sistema de monocultura favorece o aparecimento de pragas, doenças e ervas invasoras, fazendo com que o agricultor tenha que utilizar agrotóxicos para conseguir produzir. Esse sistema também provoca rápida perda de fertilidade do solo, pois facilita a erosão, reduz a atividade biológica e esgota a reserva de alguns nutrientes.


Os insumos agrícolas utilizados são na sua maioria derivados direta ou indiretamente do petróleo, que resultam num alto custo energético para sua obtenção, ocasionando um balanço energético negativo, ou seja, a energia produzida pela cultura é menor que a energia gasta para sua produção.


Assim sendo, o agricultor está sempre dependendo das grandes empresas, seja para comprar sementes, fertilizantes, inseticidas, herbicidas, etc. e quem acaba por ficar com a maior parte (40% a 80%) do lucro são elas.


Na produção animal também ocorrem os mesmos problemas. Os animais são vistos como mini indústrias de produção de alimentos, não como seres vivos, e sofrem maus tratos pelos produtores. Ficam confinados em locais minúsculos, às vezes no escuro, alguns são alimentados à força, ou são mutilados.


Os animais também recebem hormônios para crescerem e engordarem mais rápido, produzirem mais leite, etc. e tomam antibióticos em grandes quantidades. Isso tudo afeta a qualidade dos alimentos obtidos, que podem conter resíduos dessas substâncias e prejudicar a saúde de quem os consome.

domingo, 11 de maio de 2008

amigos


OTIMISMO
Numa dinâmica de grupo para se trabalhar numa empresa multinacional foi feita a seguinte pergunta para três candidatos:
"-O QUÊ VOCÊ GOSTARIA QUE FALASSEM DE VOCÊ NO SEU VELÓRIO?"
O 1º candidato disse:
"-Que eu fui um grande médico e um ótimo pai de família."

O 2º candidato disse:
" - Que eu fui um homem maravilhoso, excelente pai de Família,e um professor de grande influência no futuro das crianças."

Aí o 3º arrasou:
"- Gostaria que eles dissessem: "OLHA, ELE ESTÁ SE MEXENDO..."
Isto é Otimismo -

Foi contratado...

sábado, 10 de maio de 2008

JOVEM APRENDIZ RURAL DE BATATAIS

JOVEM APRENDIZ RURAL DE BATATAIS

O município de Batatais vai contar a partir do dia 16 de abril com um programa voltado especialmente para o meio rural, visando a promoção de ações para a formação profissional de jovens agricultores aprendizes. A prefeitura, em parceria com o Sindicato Rural Patronal e Senar – Serviços Nacional de Aprendizagem Rural, inicia nessa data, às 13 horas, o Projeto “Jovem Aprendiz Rural” na antiga área da Febem.


A primeira turma, formada por 30 crianças e adolescentes na faixa etária de 14 a 17 anos incompletos, foi selecionada.


O “Jovem Aprendiz Rural” pretende valorizar as atividades inerentes ao meio rural, capacitando jovens para diversas situações que irão enfrentar no dia-a-dia do seu trabalho. Com enfoque no empresariado rural, como forma de enaltecer a profissão agrícola, o programa exerce o papel de estimular o jovem a compreender a importância da sua atividade e assumir com embasamento e dignidade as atribuições pertinentes ao seu meio.


Por se tratar de uma parceria, a prefeitura de Batatais, com o empenho do prefeito José Luis Romagnoli, disponibilizou o espaço e os materiais necessários para dar viabilidade ao projeto. O Sindicato Rural e o Senar oferecem pessoal capacitado e o material didático. “A implantação desse curso é mais um sonho que se torna realidade”, destacou o prefeito Zé Luis.


A Prefeitura de Batatais, Sindicato Rural Patronal e o Senar, Serviço de Aprendizagem Rural, estão desenvolvendo em área da antiga Febem o curso Jovem Aprendiz Rural. Depois de concluir com sucesso as atividades da primeira turma, as inscrições já estão abertas para o ano de 2008 e os interessados devem se dirigir a Travessa Intendente Vigilato, 222, centro, o quanto antes.
Segundo lembrou o coordenador do Senar no município, Júlio Eduardo Marques Pereira, o programa é voltado especificamente para o meio rural, visando a promoção de ações para a formação profissional de jovens agricultores aprendizes. “Como foi divulgado anteriormente o projeto é direcionado a jovens na faixa etária de 14 a 17 anos incompletos”, destacou.
O Jovem Aprendiz Rural valoriza as atividades inerentes ao meio rural, capacitando jovens para diversas situações que irão enfrentar no dia-a-dia do seu trabalho. Com enfoque no empresariado rural, como forma de enaltecer a profissão agrícola, o programa exerce o papel de estimular o jovem a compreender a importância da sua atividade e assumir com embasamento e dignidade as atribuições pertinentes ao seu meio.
Jovens Aprendizes prestaram homenagem ao prefeito Zé Luis.
Na tarde desta quinta-feira, 6 de novembro, 30 jovens que concluíram o curso Jovem Aprendiz Rural estiveram na prefeitura agradecendo e prestando uma homenagem ao prefeito Zé Luis. Eles entregaram para o chefe do executivo uma caixa contendo verduras, legumes e ovos frutos do trabalho que eles desenvolveram. “Estou emocionado com a homenagem e principalmente com o resultado do trabalho realizado em parceria com o Sindicato Rural e o Sennar. Quero agradecer ao coordenador Julio Eduardo Marques Pereira, aos instrutores e a todos que contribuíram para o sucesso do primeiro ano do curso”, destacou Zé Luis.
Os jovens aprendizes também entregaram para o prefeito um cartão com os dizeres: O grupo Jovem Aprendiz Rural de Batatais agradece por tudo que foi feito por nós; desde o espaço cedido, até a confiança depositada em cada um, que foi retribuída com muita força de vontade de todos. Muito obrigado por ter contribuído na nossa vida profissional. Abraços. Os alunos que assinaram foram: Luis Antonio Trentin, Everton Luis Costa, Maycon Rodrigo Pereira Ramos, Allan da Silva Ferreira, André Ap. da Silva, Gian Carlo Ferreira, Danilo Willian da Silva, Daniel Fernando Gianoni, Ricardo Ferreira da Silva Filho, Iago Henrique Mendonça, Alexandre Gabriel Riul, Danilo Passaglia, Bruno Fernando, Letícia Paula da Silva, Luan César de Assis Radaelli, Maico Marciano, Eduardo Prometi de Souza, Guilherme de Oliveira Menegueti, Jéssica Querici, Paula Barcelos e pelos instrutores Roseli Caramori e João Lombardi.


AGRICULTURA SUSTENTÁVEL

AGRICULTURA SUSTENTÁVEL E COMPETITIVA




O produtor agrário desempenha atividades diretamente associadas com a natureza.
De acordo com Creason e Runge (1994), ele necessita dispor de conhecimentos sobre tipos
de solos, topografia, clima e uso de variedades de sementes e de híbridos. Deve considerar
as opções de cultivo e o uso de fertilizantes químicos e pesticidas, bem como seus impactos
nos diversos tipos de solo. Deve, ainda, esforçar-se por conservar os ativos de seu negócio,
incluindo aí os solos e as reservas de água, com vistas ao seu uso futuro. O produtor agrário
confronta-se diretamente com vários elementos do meio ambiente.


Os produtores agrários, como homens de negócio, tomam decisões com base em
informações recebidas de diversos mercados e de outras fontes. Parte dessas informações
inclui os preços dos insumos, preços dos produtos da lavoura e da pecuária, taxas de juros,
políticas para o setor agropecuário e políticas de meio ambiente dos governos federal,
estadual e municipal. Eles devem considerar ainda a variedade de forças que sinalizam o
que plantar e como faze-lo. Aí estão incluídas as condições dos solos e das águas, os tipos
de demanda dos compradores (agroindústrias, super-mercados, feirantes), as
recomendações dos técnicos públicos e privados e, quando existem, levar em conta as
relações com centros de pesquisa e universidades. Pela variedade e quantidade de
informações, depreende-se que nem sempre os sinais são consistentes, mas muitas vezes
contraditórios, o que revela a complexidade de escolhas para a tomada de decisão.


Numa situação dessas, como o agricultor poderá compatibilizar a competitividade
econômica com a sustentabilidade ambiental ? Em outras palavras, como ele poderá
manejar uma agricultura sustentável que seja também competitiva nos mercados?


De um lado, o produtor está envolvido no processo de abertura da economia
nacional para o exterior, sendo que os preços, as quantidades e a qualidade e os
requerimentos de distribuição exigidos internacionalmente lhe são dados como parâmetros.
Relativamente às décadas anteriores, as políticas públicas tornaram-se mais frágeis, quando
não desapareceram, no que se refere à ajuda financeira, à assistência técnica e à estocagem,
exigindo-lhe um maior espírito empresarial. A abertura da economia não só lhe acena com
as exportações, mas também com importações, e ainda com a competição de outras regiões
do próprio país. Ora, tudo isso o obriga a considerar um número bem maior de variáveis na
tomada de decisão.


De outro lado, o produtor se acha envolvido com os efeitos nocivos crescentes do
modo agrícola de produzir: o uso de pesticidas e fertilizantes químicos, a erosão dos solos e
a contaminação das águas; as exigências dos consumidores - como opinião pública e como
midia - preocupados com a saúde, portanto, com a qualidade dos alimentos. Tudo isso o
obriga a levar em conta os impactos de sua atividade no meio ambiente.


É evidente que não há uma resposta simples à questão de como compatibilizar uma
agricultura sustentável e com uma agricultura competitiva. O que vale a pena ressaltar, de
momento, é que uma resposta realista e atual tem que “percorrer” a sociedade toda: um
circuito de fluxos que conforma um sistema amplo, que relaciona as decisões individuais
dos agricultores com as dos outros grupos da sociedade, suas organizações e instituições.


Inúmeras forças interagem, influenciando as decisões no âmbito das unidades
produtivas agrárias. Essas decisões geram fluxos de produtos (leite, carne, grãos, madeira) e
de matérias-primas; geram também fluxos externos aos sítios e fazendas, positivos ou
danosos, que recaem sobre o meio ambiente - as externalidades. A quantidade e a qualidade
de alimentos e de outros produtos das atividades agrárias, juntamente com os “serviços”
prestados pelas florestas, como a água limpa e o ar puro, fluem para a sociedade como um
todo, afetando a opinião que as pessoas tem sobre as atividades agrárias; o que, por sua vez,
afeta os sinais recebidos pelas instituições e organizações associadas à agricultura.



AS EXTERNALIDADES E AS ESFERAS PÚBLICA E PRIVADA



O tratamento dado aos efeitos do funcionamento do mercado sobre nossa vida,
recebe em economia a designação de externalidades. Heilbroner (1994) exemplifica: as
altas contas de lavanderia e de serviços de saúde dos residentes de Pittsburgh antes que a
poluição das usinas siderúrgicas fosse controlada. Esses custos são “externos” na medida
em que, diferentemente dos custos “internos” do trabalho e da matéria-prima, pagos pelas
siderúrgicas, os custos da poluição são “pagos” pela população externa ao processo de
produção. Dessa forma, os produtores de aço não têm incentivo para reduzir a poluição, já
que não pagam as contas de lavanderia e de serviços de saúde por eles provocados.


O mecanismo de mercado, prossegue Heilbroner, não serve adequadamente a um
dos propósitos a que se propõe, qual seja, o de apresentar à sociedade uma avaliação
acurada dos custos relativos de produzir coisas. Suponhamos que existam duas maneiras de
produzir aço, uma delas limpa, mas cara, e a outra, poluidora, mas barata. A concorrência
levará os produtores a escolher a mais barata e alguém dirá que o mercado ajudou a
sociedade a aumentar a eficiência de suas operações. No entanto, se as contas de lavanderia
e de serviços de saúde fossem acrescentados ao custo de produção, pode ser que o processo
mais limpo fosse o mais barato.


Em princípio, não existe nenhum ato de produção que não tenha efeitos externos,
positivos ou negativos. A construção de uma casa horrenda faz cair o valor das
propriedades da rua; um país passa por um forte crescimento econômico e com isso acelera
o aquecimento global; já uma empresa que aperfeiçoa um produto e abre novos horizontes
para aqueles que o utilizam é, em grande parte, uma questão de externalidades favoráveis.
Levar em conta todos os custos e benefícios externos da produção, diz nosso autor, seria
impossível. No entanto, não faze-lo pode significar uma distorção séria de nossa avaliação
dos custos e benefícios da produção. O desmatamento excessivo, a pesca predatória, o
consumo excessivo de gasolina, são exemplos de insucessos em incluir nos preços todos os
custos de produção. O mesmo se pode afirmar dos efeitos da sujeição dos trabalhadores a
rotinas embrutecedoras e a remunerações aviltantes: o custo social de tais externalidades
não é levado em conta.


Dessa forma, as externalidades solapam uma das mais queridas funções do mercado:
orientar os recursos para usos mais racionais. O que não quer dizer que o mercado seja
refratário a qualquer tipo de regulação. O governo proíbe pesticidas que são lucrativos para
a indústria, porque nocivos quando utilizados na agricultura, podendo, até mesmo, lançar
mão de impostos e subsídios para reduzir os efeitos externos negativos, mudando, assim, a
direção em que apontava a seta econômica. Há diversas maneiras de regular e de
institucionalizar as forças de mercado. Suécia e Japão têm maneiras distintas da dos EEUU.
E mais ainda, considerações acerca de tecnologia, da situação política das indústrias
afetadas e da sensibilidade nacional, são fatores que desempenham um papel na
determinação do grau em que somos vítimas da dinâmica do mercado, bem como
beneficiários dela.


Desse ponto de vista, diz Heilbroner, as externalidades transformam-se num
território no qual se trava a guerra de fronteiras entre a esfera privada e a esfera pública.
Na medida em que a produção é, em grande parte, embora não inteiramente, realizada na
esfera privada, é aí que as externalidades tendem a se gerar; e na medida em que seus custos
se apresentam como custos impostos sobre os cidadãos, sua correção torna-se uma causa de
ação na esfera pública.


Dessas ponderações, creio que vale a pena reter duas idéias. Primeira: o circuito
social das decisões individuais dos agricultores os obriga a compatibilizar agricultura
sustentável com agricultura de mercado, e que essa compatibilização passa pela guerra de
fronteiras entre as esferas privada e pública. Essas fronteiras não estão delimitadas; antes,
algo borradas, o que, na prática, favorece as decisões privadas em detrimento da
sustentabilidade, que requer a participação da esfera pública. Por outro lado, não se pode
menosprezar a existência de numerosas organizações sociais que exigem a aplicação da
condição de sustentabilidade.


No comércio mundial agrícola surgem, aqui e acolá, indícios de condicionalidades
ecológicas e de equidade para a aquisição de alguns produtos. Mas, tudo leva a crer,
estamos ainda num estágio larval, do qual as instituições são um exemplo: não se conta
com um conjunto de estruturas e regras, formais e informais, capaz de proporcionar alguma
estabilidade às expectativas dos indivíduos, grupos e organizações sociais em suas
interações nos mercados, que leve em conta a sustentabilidade.


A segunda idéia é a de que a guerra de fronteiras tem seu núcleo nas externalidades.
O que pode nos levar a uma resposta apressada à pergunta: quem deveria arcar com os
custos dos efeitos negativos das externalidades ? O setor público ou o setor privado? Ora,
os custos do aquecimento global, os custos da poluição das águas e dos solos e dos
alimentos, os custos da erosão dos solos, e outros mais são, a um só tempo, custos privados
e públicos e, portanto, sua resolução é, à luz do princípio da sustentabilidade, uma questão
de resolução conjunta. Tanto a internalização dos efeitos ambientais na estrutura dos custos
de produção quanto a internalização dos custos sociais requer uma “paz de fronteiras”
mediante a criação de uma nova concepção do que venha a ser a esfera pública. Que não
existe, mas está em efervescência no caldeirão da história.




O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

A sustentabilidade é um problema multidimensional. A Unesco (1995) define
desenvolvimento sustentável como aquele que permite responder às necessidades presentes
sem comprometer a capacidade das futuras gerações em responder às suas próprias
necessidades. A amplitude da definição requer algumas qualificações.


Desenvolvimento sustentável significa ir mais além da manutenção e a ampliação
do capital econômico (máquinas, matérias-primas, finanças). Significa levar em conta
também o capital humano: os conhecimentos técnicos e gerenciais e sua disseminação
através da educação. Mas significa também levar em conta o capital natural. Por
conseguinte, desenvolvimento sustentável implica em pensar no uso, obsolescência,
depreciação dos três tipos de capital. No caso do capital natural, implica em perguntar
como evitar a poluição da água, da terra e do ar em que vivemos e dos quais depende nosso
trabalho? como evitar a exaustão dos recursos renováveis que são essenciais à produção?
como tratar os recursos não renováveis? São questões que ultrapassam em muito a escala da
economia, e nos obriga a repensar a contabilidade micro e macroeconômica
(Hauwermeinenn, 1998).


A Unesco arrolou uma série de características do desenvolvimento sustentável que,
de fato, quer dizer: devemos construir uma outra sociedade, ou, em outros termos, devemos
construir uma sociedade inovadora. Curiosamente, vários autores da Comissão Econômica
para a América Latina (Cepal) e da Organização de Cooperação e Desenvolvimento
Econômico (Ocde), que se dedicaram a estudar a competitividade, chegaram a conclusões
semelhantes. Para essas entidades, a competitividade está centralizada no sistema
sociocultural e não apenas no sistema econômico.


Esse novo enfoque pode ser resumido em dois pontos: “(i) os novos imperativos
tecnológicos, organizacionais, institucionais, legais, políticos e culturais se impõem como
elementos que prescrevem o pensamento e a ação contemporâneos, e que tornam possível
desenhar as configurações futuras dos sistemas socioculturais, e (ii) a competitividade
ganha força nas relações que estabelece com outros conceitos (ecologia e equidade) e com
outros valores sociais (democracia, direitos humanos e participação social)” (Müller, 1995).
A aplicação desse enfoque implica na mudança de mentalidades e comportamentos de todos
os grupos sociais.

A sobreposição de aspectos que caracterizam a competitividade e a sustentabilidade
não é casual, assim como não o é a sobreposição com os aspectos da equidade. Por outro
lado, não é casual a indefinição de limites entre o privado e o público, que assinalamos
acima, mas, sim, um sinal dos tempos. Tudo isso parece indicar a existência de uma enorme
área conflitiva, complexa e pouco clara, na qual misturam-se os interesses ecológicos,
econômicos e de justiça social. Em todo ocaso, é nessa mistura que se acha imersa a
categoria de agricultura sustentável. Mas, mistura não implica em uns interesses serem
redutíveis em outros, de maneira que a sustentabilidade não pode ser reduzida a uma visão
econômica dos processos de mudança, nem a uma visão ecológica e tampouco a uma visão
de equidade.


Em síntese, pode-se dizer, com base em Daly (1996), que o desenvolvimento
sustentável possui uma lógica econômica (mercados, regulações e competitividade), uma
lógica de equidade (moral, justiça e solidariedade) e uma lógica de sustentatabilidade
(ecossistemas, biosfera). Essas lógicas – forças sociais que imprimem uma direção à vida
coletiva - não são redutíveis umas às outras e que, para sua operação na prática, requerem
negociações de ordem política, vale dizer, negociações sobre como podemos viver juntos
nessa diversidade de interesses, visões do presente e aspirações em relação ao futuro.


A sustentabilidade ambiental implica numa institucionalização e numa adoção de
um código de práticas, acompanhado de uma legislação no nível nacional ou regional, com
vistas a controlar a coleção, manuseio e exportação de material biológico, com a supervisão
de organizações de profissionais habilitados. Os governos e as associações não
governamentais devem trabalhar em conjunto para criar ferramentas que incluam o
conhecimento local para desenvolver atividades baseadas na liderança local. A
participação, a localidade, a região, a pesquisa científica com os conhecimentos do
pessoal da região, são ingredientes fundamentais para uma estratégia sustentável, propõe
a Unesco. Neste sentido, o emprego do modelo de análise tradicional de custo-e-benefício
mostra-se muito limitado. Já se dispõe de modelos de contabilidade que incluem as
variáveis ecológicas, o que já é um avanço.




AGRICULTURA SUSTENTÁVEL E COMPETITIVA, INSTITUIÇÕES E PLANO



O crescimento sustentado da agricultura depende da preservação dos recursos
naturais e do meio ambiente, e do aumento contínuo e eficiente da produção ou, em outros
termos, depende de uma rede de relações organizações/instituições que conecte
sustentabilidade com produtividade. A preocupação básica com o aumento contínuo e
eficiente da produção está associada com a preocupação em evitar a destruição dos recursos
naturais e a deteriorização do meio ambiente. A sustentabilidade mostra-se, assim, como
um princípio cuja realização implica na ação coletiva e na organização de conjuntos
estabilizadores de expectativas, as instituições, o que pressupõe algum tipo de diretriz, de
plano ou planejamento.


O pressuposto não pode ser menosprezado. Todo o processo coletivo inovador
vincula-se a um plano. Não há nisso novidade alguma. No que respeita ao desenvolvimento
agrícola, a aplicação do plano revolução verde dos anos 50 e 60 estava associada á meta de
mudança rural ou, como era então designado pelos técnicos, de “desenvolvimento rural
integrado”. Tratava-se, segundo a literatura norte-americana disseminada à época, de um
intento deliberado, não só de incrementar a produção agrícola em uma zona rural, mas
também de melhorar a comercialização de insumos e produtos e a qualidade da vida rural
(World Banck-Iica, 1994).


Mas a idéia de um plano acabado, pronto, contém uma pretensão que não passa de
simplismo anacrônico, porque não considera a complexidade contemporânea que requer
soluções complexas, portanto, soluções não completas. Vale a observação de Matus (1991):
“nenhuma técnica de planificação é segura diante da incerteza do mundo real e, enfim,
devemos nos apoiar em nossa capacidade para acompanhar a realidade e corrigir a tempo
nossos planos. Por isso, muito mais importante que formular um plano é “a capacidade
contínua de planificação para refazer os cálculos a tempo e toda vez que as circunstâncias
o exigirem”.


Um plano que visa por em prática o princípio da sustentabilidade, através de uma
ação coletiva e institucional, envolve a esfera pública (estatal e não-estatal), bem como a
esfera privada da sociedade, direta e indiretamente relacionadas com o objetivo. A
formulação de um plano e sua implementação, face à incerteza do mundo real, requer a
participação ativa dos sujeitos, lideranças e organizações. Essa participação é condição
imperativa à consecução dos objetivos. Participação direta ou via representação;
participação informal ou via contrato formal; participação na unidade produtiva agrária ou
no âmbito organizacional - participação no sentido de direitos e deveres, de aceitação de
regras e normas, e também de engajamento numa coisa na qual o indivíduo joga com seu
ativo agrário imerso numa nova esfera pública, não pronta, mas a ser construída. Essa
construção ocorre em circunstâncias de incerteza, mas nas quais os indivíduos, como
núcleos de tomada de decisão, e as instituições, como núcleos de estabilização de
expectativas, imprimem sua certeza.


A territorialização de um plano de agricultura sustentável ou a inclusão desta num
plano de desenvolvimento regional está associada, de um lado, à exigência do indivíduo e
das instituições exercerem um comando, um controle que, nas atuais circunstâncias, seja o
mais eficiente possível, dadas as interações entre ecologia, competitividade e equidade e, de
outro, ao reconhecimento de que o indivíduo faz e a instituição estabiliza. É nesse sentido
que a territorialização seria a realização da descentralização na globalização.


Uma região ou um sistema regional (microbacia, consórcio inter-municipal) deverá
ser capaz de encaminhar tanto as externalidades produzidas pelas unidades de produção
agrária como os custos sociais próprios do funcionamento de uma agricultura sustentável.
Pode-se, agora, retomar a noção de sustentabilidade e dar-lhe uma formulação mais
sistemática, como a formulada por Becker (1995): a essência da noção de sustentabilidade
reside na sinergia e na qualidade total do uso do território, alcançado segundo três
princípios básicos: a eficácia econômica mediante o uso de informação e tecnologia em
atividades e produtos poupadores de matérias-primas e energia, e sua reutilização; a
valorização da diversidade, visando as vantagens competitivas; a descentralização,
entendida como discussão entre os atores envolvidos no processo para o estabelecimento de
direitos e deveres.